Duas vezes por semana, os usuários do Serviço Institucional de Acolhimento Adulto Masculino – Taboão, conhecido como Casa de Acolhimento Taboão (Albergue Taboão), são convidados a participar da oficina socioeducativa de artesanato. A iniciativa da Prefeitura de Guarulhos visa estimular a autoconfiança, o diálogo entre os acolhidos, além de promover a autonomia e o retorno à vida social e familiar (desinstitucionalização).
Na oficina são confeccionados objetos de decoração como potes e garrafas de vidro decorados, sousplat e cestaria de jornal, objetos de madeira (suporte para rolo de papel), através de diversas técnicas, como decoupagem com guardanapo, marmorização, efeito pedra, vintage, arranjos florais em latas e flores de jornal.
Para a assistente social e coordenadora da atividade, Maria do Roccio Gomes Santos, a oficina possibilita a reinserção dos acolhidos na sociedade. “Muitos têm vícios que fizeram com que se afastassem das famílias. A oficina auxilia no resgate do cidadão, levantando sua autoestima e, com isso, facilita a aproximação e o retorno ao núcleo familiar”, afirmou.
O conceito envolvido no trabalho, segundo Roccio, se baseia em três palavras: reciclagem (fazer uso do material que estiver disponível, com baixo custo, trabalhando questões de preservação ambiental), confiança e autoestima. “As peças passam por cada um dos participantes porque o processo é coletivo e cada um colabora conforme a capacidade. Eles também recebem informações sobre como o material utilizado é produzido, de onde vem, entre outras. Desta forma, desenvolvem habilidades que poderão ser usadas fora do ambiente institucional”, disse a assistente social.
Trabalhando com madeira na oficina há um mês, José Carlos de Souza, 60 anos, confeccionou suporte de papel toalha e um poço em miniatura para decoração. Ele está há três meses na Casa de Acolhimento. “Faço estes objetos de madeira pra passar o tempo. Aprendi e tudo que se aprende de bom é lucrativo”, disse o acolhido, que se formou no Senai como mecânico montador, mas estava vivendo na rua.
Wanderley Gomes de Lima, 55 anos, trabalhava como tapeceiro de automóvel e de residência até que foi morar na rua. “Acho gratificante aprender mais uma profissão e ter uma renda. Na aula, a hora passa mais rápido e ocupo minha mente. Estou vendo luz no fim do túnel,” contou Lima, que há quinze dias freqüenta a oficina.
O Serviço Institucional de Acolhimento foi inaugurado em novembro de 2017 e fica ao lado do Restaurante Popular Solidariedade Josué de Castro. Ele acolhe pessoas em situação de rua e funciona 24 horas. A capacidade é para 50 acolhidos e abriga atualmente 48 homens com idades entre 30 e 65 anos. Lá, os acolhidos também participam de oficinas de horta e de conversações, onde têm oportunidade de contar suas histórias de vida e seus anseios. O Serviço realiza ainda trabalho técnico e encaminhamentos para outras instituições, de acordo com cada perfil e faixa etária.