Economia

Oi retoma conversas com credores após ter recuperação judicial aprovada

Um dia após a aprovação do pedido de recuperação judicial da Oi, os principais executivos da operadora retomaram as conversas com seus principais credores em Nova York. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o presidente da tele, Marco Schroeder, e o diretor financeiro e relações com os investidores, Flavio Guimarães, se reuniram nesta quinta-feira, 30, com o banco Moelis e o PJT Partners, assessor financeiro da empresa. A expectativa é atrair um número maior de credores ao bloco do Moelis, que reúne de 35% a 40% dos detentores de títulos, segundo fontes.

A Oi tem 60 dias úteis para apresentar um novo plano de reestruturação das suas dívidas – um total de R$ 65,4 bilhões, dos quais cerca de R$ 50 bilhões em débitos financeiros. A operadora busca um formato que seja aceitável para os credores e acionistas, disse uma fonte a par do assunto. O objetivo é que se chegue a um acordo antes do prazo final de apresentar a proposta.

As negociações entre Oi e os credores foram interrompidas na primeira semana de junho, quando a companhia estava sob o comando de Bayard Gontijo, que renunciou ao cargo no dia 10. Nos dias 6 e 7 de junho, Gontijo tinha se reunido com credores em Nova York, mas não conseguiu o aval de todos os acionistas da Oi, o que teria provocado sua saída, de acordo com fontes. Dez dias depois, a tele entrou com o pedido de proteção.

Schroeder, que se apresentou formalmente ontem aos credores, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a intenção da companhia é manter nesse processo o mesmo desenho que vinha sendo negociado com seus credores nos últimos meses. Contudo, segundo ele, o aumento de capital poderá ser maior do que os R$ 5 bilhões previstos inicialmente.

Nesta quinta-feira, 30, as ações ordinárias da Oi fecharam em baixa de 1,02%, e as preferenciais caíram 3,65%. Já as dos grandes bancos, que estão na lista de credores da tele, subiram. Esse movimento reflete, em parte, a aprovação do pedido de recuperação pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Os papéis ON do Banco do Brasil, com exposição maior à Oi, subiram 4,18%. Tiveram alta as do Itaú Unibanco PN (+2,33%), Itaúsa PN (+3,12%), Santander Unit (+1,73%), Bradesco PN (+0,56%) e ON (+1,43%).

Provisões

Os grandes bancos aguardam as evoluções sobre o plano de reestruturação da Oi para decidirem se fazem novo reforço nas provisões, apurou o Broadcast. Desde o início do ano, algumas instituições já tinham começado a fazer esse movimento, evidenciando a possibilidade da piora da qualidade de outros créditos ao longo de 2016. O Itaú Unibanco, por exemplo, justificou o reforço de colchão no primeiro trimestre, quando os resultados das grandes instituições foram impactados pelo pedido de recuperação judicial da Sete Brasil, como uma ação preventiva quanto a possíveis problemas com grandes companhias.

O Banco do Brasil, com R$ 2,4 bilhões em crédito e R$ 2 bilhões em debêntures, não considera aumentar suas provisões, segundo uma fonte. A instituição tinha provisionado 3% da sua exposição à Oi e elevou seu colchão para 30%. O banco ainda pode elevar esse porcentual, disseram fontes. “O evento de pedido de recuperação judicial dispara o gatilho de elevação da provisão. A homologação do pedido não”, afirmou outra fonte de mercado.

A Caixa Econômica Federal também estaria, conforme fonte, com provisionamento entre 3% e 5% de sua exposição à Oi. Após o pedido de recuperação judicial, segundo a mesma fonte, o banco, que tem R$ 2 bilhões em crédito e R$ 1,8 bilhão em debêntures emitidas pela operadora, elevou seu colchão para 30%. A Caixa não deve reforçar suas provisões por conta da aprovação desse pedido de proteção. Já o Bradesco tem, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, R$ 2,7 bilhões, também em fianças bancárias assim como o Itaú, e apenas R$ 31 milhões em crédito.

Geralmente, os bancos provisionam 30% dos créditos de empresas que recorrem à recuperação judicial. Depois, conforme avança esse processo, elevam as provisões por conta do maior risco de não receberem esses créditos. Procurados, os bancos não comentaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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