Caridade e solidariedade são adjetivos que explicam as características da adolescente Beatriz Souza, 14 anos, e que – segundo ela mesma, a responsável pelo Olhar de Bia – identificam o seu DNA. Tanto que de um simples e o mais comum dos doces, a bala, surgiu a possibilidade de transformar esses sentimentos em ação social, o Olhar de Bia, que completou oito anos de existência. Neste domingo, 14, a partir das 7h30, no Bosque Maia, a entidade promove o 2º Treinão Beneficente.
Neste evento, que conta com aulas de salsa e merengue, além de atividades físicas como alongamento, caminhada e trote, o participante pode contribuir com alimentos e brinquedos, que serão doados para instituição carentes de Guarulhos e outras cidades da Grande São Paulo. A expectativa da organização é que aproximadamente 500 pessoas participem da atividade e proporcionem uma arrecadação de cerca de meia tonelada de alimentos e 300 brinquedos.
Ação iniciada em 2006 com a distribuição de doces em comunidades carentes da cidade, o Olhar de Bia, segundo a entidade, já auxiliou 100 mil pessoas. De acordo com os administradores, são seis grandes ações anuais como: O Volta às aulas, Páscoa, Dia das mães e dos pais, Dia das crianças e Natal. No primeiro ano foram auxiliadas cerca de 600 pessoas e 2000 durante o período da Páscoa em 2007.
“Entidade mudou a nossa vida e de muita gente”
“O Olhar de Bia mudou a gente em várias coisas e mostrou outras realidades diferentes, até porque havia dias em que estava jogando futebol com as crianças e no outro estava em grande empresa para falar sobre a Ong, e isso mudou a minha perspectiva de vida. Pra você não precisa de um ponto certo e não adianta você querer mudar o mundo. Precisamos apenas mudar o mundo de uma pessoa”, declarou Beatriz.
Fortemente engajada na questão social, a garota de apenas 14 anos demonstrou não se preocupar em ter que dividir as responsabilidade exigidas pelas atividades da ONG com o seu cotidiano. Ela também afirmou que o Olhar de Bia é o seu DNA e que atua nesta área por prazer e não por obrigação.
“Muita gente fala isso pra mim, principalmente agora. Bia, por que você não está aproveitando a sua adolescência? Por que não sai? Tem que se divertir! Não é que eu estou abdicando de viver a minha vida, eu só estou com um projeto a mais. As coisas que eu faço não são por obrigação, mas sim por que eu gosto e é um prazer pra mim”, justificou.
Além do preconceito, ela falou sobre o que representa e a mudança de comportamento de pessoas que antes criticavam e passaram a olhar com outros olhos a iniciativa. “Tento a cada dia convencer elas de como esse trabalho é importante, não só pelas pessoas que são ajudadas, mas também os voluntários, que entendo, serem os maiores beneficiados. Às vezes a pessoa sempre quis ajudar, mas não tinha estímulo e muito menos sabia por onde começar”.
Entidade pretende oferecer Cursos profissionalizantes e novas oportunidades
Beatriz também revelou os projetos do Olhar de Bia para o próximo ano e pretende proporcionar a jovens carentes cursos profissionalizantes para que possam ter a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho, porém, esclarece que o principal objetivo desta ação é a contribuição para a formação do cidadão.
“Não adianta dar o peixe e não ensinar a pescar. Estamos com um projeto para ser iniciado em 2015, que irá oferecer cursos profissionalizantes na área de gastronomia para formação de esfiheiros e pizzaiolos para jovens carentes. Também vamos ofertar cursos de português, matemática e fotografia. Vamos investir na formação do cidadão para que ele também possa em algum momento de sua vida ajudar alguém”, encerrou.