Secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres foi questionado nesta segunda-feira, 14, sobre o eventual apoio da entidade ao pedido da Ucrânia por uma zona de exclusão aérea no país. Em sua resposta, Guterres apenas lembrou que muitos países veem essa estratégia como um "risco de escalada" no conflito.
O governo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem insistido por esse passo, mas países como os EUA argumentam que isso passaria pelas forças americanas ou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) atacando aeronaves russas, disseminando ainda mais o conflito.
Guterres mencionou a importância da Rússia e da Ucrânia para o fornecimento de alimentos, fertilizantes e combustíveis. Ele lamentou que a perspectiva de um conflito nuclear neste momento "está no terreno da possibilidade" e insistiu na necessidade de se interromper a violência em prol da "diplomacia e do diálogo". E lamentou também o fato de que o impacto sobre os civis está atingindo "proporções terríveis".
O secretário-geral da ONU disse, ainda, que esteve em contato recente com vários países, entre eles China, Índia, França, Alemanha, Israel e Turquia, para tratar de esforços de mediação a fim de encerrar a guerra. Guterres anunciou, também, que a ONU alocará mais US$ 40 milhões para a assistência humanitária às vítimas do confronto.
<b> Devastação terrível </b>
Vice-embaixador dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas, Richard Mills afirmou nesta segunda-feira que a Rússia conduz uma "devastação terrível" na Ucrânia e disse que a invasão militar "está longe de terminar". "A Rússia precisa interromper de imediato todas as hostilidades", afirmou, mencionando também a ajuda a Moscou dada pelo regime do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko.
Mills destacou que a Rússia já atuava no leste da Ucrânia, tendo matado nos últimos sete anos mais de 30 mil pessoas na região. As declarações foram dadas durante sessão que começou com um briefing do representante da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
Em sua fala na sessão, o representante do Brasil, João Genésio de Almeida Filho, lamentou o conflito e reforçou o apelo pelo diálogo e por conversas diplomáticas para resolver o quadro. Além disso, notou a alta recente nos preços de commodities e disse que isso pode piorar com sanções unilaterais, em um contexto de avanço nos preços que tem um peso "desproporcional" sobre países emergentes.