O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) na Síria, Staffan de Mistura, alertou que centenas de civis que permanecem na cidade síria de Kobane podem ser “massacrados” pelo grupo extremista Estado Islâmico. De acordo com Mistura, há 12.000 civis na cidade.
Ele lembrou o genocídio de milhares de muçulmanos pelo Exército bósnio da Sérvia, em 1995, em Srebrenica e disse que um episódio similar é iminente. “Existe uma lei humanitária. Existe Srebrenica. Existem imagens que nós não queremos ver, nós não conseguimos ver, de pessoas decapitadas, militantes ou civis”, afirmou Mistura, pedindo ação imediata e alertando que “não é por meio de resoluções da ONU que o Estado Islâmico vai parar de atacar Kobani”.
O Estado Islâmico invadiu a cidade de Kobane, na fronteira com a Turquia, em 6 de outubro. Eles tomaram o controle de diversos prédios e de uma colina estratégica na região. Os grupos curdos no controle da cidade e administradores locais aconselharam a população a deixar a região.
Mistura pediu que autoridades turcas autorizem o trafego de voluntários e equipamentos na cidade fronteiriça de Kobane e que ajudem os militantes sírios curdos a parar o avanço do grupo extremistas. “Precisamos disso porque senão todos nós, incluindo a Turquia, vão se arrepender profundamente de ter perdido uma oportunidade”, afirmou. A Turquia permitiu a implementação de tropas e tanques na fronteira, mas apesar da pressão dos EUA, Ancara afirmou que não vai se unir ao combate.
A guerra civil no país, que começou em março de 2011 causou mais de 150.000 mortes e mais de 680.000 feridas. Pelo menos 10,8 milhões de sírios precisam de assistência neste momento dentro do país, incluindo 6,5 milhões deslocados internamente. O conflito também causou uma crise de refugiados, com cerca de 2,5 milhões de pessoas estão abrigadas em outros países.
O porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Adrian Edwards, informou que os conflitos em Kobane levou 172.000 sírios curdos a migrarem para a Turquia. Outros foram levados para os campos de refugiados de Gawilan e Newroz, sob controle da Acnur. Edwards citou relatos refugiados de atos de brutalidade cometidos pelo Estado Islâmico, incluindo sequestro de centenas de civis, torturas e decapitações.