Estadão

Onze dos 12 componentes do PIB sob ótica da oferta cresceram no 2º tri ante o 1º tri

A alta de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre do ano foi decorrente de avanços em 11 das 12 atividades econômicas sob a ótica da oferta, mostraram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A única atividade com queda foi a Agropecuária, um recuo de 0,9%, mas devido à base de comparação elevada. No primeiro trimestre de 2023 ante o quarto trimestre de 2022, o PIB agropecuário tinha registrado um salto de 21,0%, turbinado pela safra recorde de soja.

"A Agropecuária só ficou negativa no segundo trimestre contra o primeiro por conta de uma base de comparação muito alta", frisou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. "A gente tem mais ou menos 60% da safra da soja no primeiro trimestre. E agora a gente tem uma safra mais importante do café, e a gente tem também a pecuária contribuindo positivamente", completou.

A expansão do PIB no segundo trimestre foi explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e, principalmente, dos serviços (0,6%).

Dentro do setor de serviços, os destaques foram os serviços financeiros – especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro – e os outros serviços voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade.

"As principais seguradoras todas tiveram crescimento desse setor. Teve maior demanda por seguros, e teve também menor sinistro nesses seguros", explicou Palis.

Ainda em serviços, os transportes cresceram puxados pela maior demanda por transporte de cargas, impulsionada pela agropecuária e o comércio eletrônico, apontou a coordenadora do IBGE.

O PIB de Serviços como um todo completou 12 trimestres sem variações negativas, alcançando o ponto mais alto da série histórica no segundo trimestre de 2023.

Já o PIB Industrial ficou positivo pelo segundo trimestre seguido. No segundo trimestre, a expansão foi determinada pelos avanços em todos os componentes: indústrias extrativas (alta de 1,8%, quinto trimestre seguido de aumentos), construção (0,7%), atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e indústrias de transformação (0,3%).

Nas extrativas, houve crescimento na extração tanto de petróleo e gás quanto de minério de ferro, "produtos relacionados à exportação".

No segundo trimestre de 2023 ante o segundo trimestre de 2022, a alta de 3,4% no PIB foi decorrente de avanços em 11 das 12 atividades econômicas sob a ótica da oferta. A única queda ocorreu na indústria de transformação (-1,7%).

O desempenho foi influenciado pela menor produção doméstica de bens de capital, o que puxou para baixo também a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) sob a ótica da demanda. Já a construção teve variação positiva, influenciada por um aumento nos gastos de governos municipais, dada a aproximação das eleições municipais no ano que vem, apontou Palis.

Palis lembra que a agropecuária foi a atividade econômica com alta mais acentuada no segundo trimestre de 2023 ante o segundo trimestre de 2022, avanço de 17,0%.
Ainda no segundo trimestre, as Contas nacionais registraram redução nos estoques, sob influência de estoques menores de soja (que sucedeu a alta expressiva vista no primeiro trimestre deste ano) e de automóveis (devido ao programa de descontos do governo para aquisição de carros populares).

Segundo Rebeca Palis, embora o Comitê de Política Monetária do Banco Central já tenha dado início ao ciclo de redução na taxa básica de juros, a Selic, o efeito sobre a atividade econômica não é imediato. "Há vários estudos que mostram que existe uma defasagem (do impacto da política monetária) e que os efeitos vão aumentando ao longo do tempo. Os efeitos não são imediatos", lembrou.

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