Há dificuldade no sequenciamento genético viral na América Latina, inclusive no Brasil, o que vem complicando a observação das variantes do coronavírus, avalia a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em coletiva sobre o tema, especialistas reconheceram os altos custos para realizar as identificações, mas destacaram que a atividade é importante para um melhor controle da pandemia, citando o exemplo do Reino Unido, onde há uma porcentagem muito maior de casos sequenciados.
No momento, não há evidências de que a variante delta do vírus seja mais letal, apenas mais transmissível. O assessor regional para doenças virais da Opas, Jairo Mendez, afirmou que as mutações são um processo normal que ocorre com outros organismos do gênero, como influenza, que causa a gripe. A variantes não costumam ser necessariamente mais agressivas, mas sim mais contagiosas, em uma vantagem evolutiva. No entanto, com um número maior de infectados, é possível um aumento da mortalidade, em virtude das proporções, apontou o assessor.
Segundo Mendez, as vacinas aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) vem se mostrando eficazes contra variantes até agora, ainda que nenhuma seja 100% eficaz, lembrou. O assessor reforçou a importância de manter as medidas de precaução, o isolamento social e o uso de máscaras, incluindo no período entre a primeira e a segunda aplicação da vacina.
Heriberto García, diretor do Instituto de Saúde Pública do Chile, afirmou que as vacinas devem ir se modificando para serem mais eficientes contra variantes, um processo que já ocorre com o influenza. Sobre a porcentagem de vacinados para alcançar a imunidade de rebanho e impedir a propagação do vírus, avaliou que os 80% citados com frequência eram uma estimativa, e que o tema irá depender da eficácia das doses na população.
Quanto aos riscos da variante delta para a América Latina, Mendez ponderou o tema, indicando que a alpha, identificada pela primeira vez no Reino Unido, não teve grande impacto na região, enquanto a gama, sequenciada inicialmente no Brasil, foi mais predominante.