Uma onça pintada adulta que sofreu queimaduras graves durante os incêndios no Pantanal foi considerada reabilitada e será devolvida ao seu habitat nesta quinta-feira, 21, na região da Serra do Amolar, em Mato Grosso do Sul. O felino foi resgatado das chamas em novembro do ano passado, junto com outro macho da mesma espécie, que também sofreu queimaduras severas. Os dois foram levados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, em Campo Grande, mas só um sobreviveu.
O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) preparou uma operação para a soltura no mesmo local em que a onça vivia. Nesta quarta-feira, 20, o felino foi sedado e passou por uma bateria de exames, além de receber uma coleira com chip para monitoramento via satélite. A pesagem mostrou que a onça pintada chegou aos 87 quilos, praticamente o dobro do peso que tinha quando foi encontrada. A volta à Serra do Amolar será em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O colar ajudará pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) no monitoramento do felino.
A onça, um macho com cerca de dois anos, chegou ao centro de recuperação no dia 4 de novembro, após ser resgatada por equipes de organizações não governamentais que atuam no Pantanal. "Ela estava debilitada, anêmica, com queimaduras de segundo e terceiro graus nas quatro patas, além de pneumonia por conta da aspiração da fumaça. Também encontramos um projétil de arma de fogo alojado na região da costela", contou o veterinário do centro, Lucas Cazati. As queimaduras foram tratadas com aplicação de ozônio e a cicatrização foi completa.
<b>Outra onça foi devolvida em outubro</b>
A saga da onça da Serra do Amolar é parecida com a de outra pintada macho, chamada Ousado, que também foi resgatada no Pantanal em chamas, em setembro do ano passado, com queimaduras de segundo grau nas quatro patas. O resgate dramático do felino, à margem do Rio Corixo Negro, em Poconé, no Mato Grosso, foi acompanhado pela reportagem do <i>Estadão</i>. Totalmente recuperado, Ousado foi devolvido ao seu habitat no dia 20 de outubro. Em 2020, o Pantanal registrou o maior número de queimadas desde a década de 1990. As chamas destruíram 4,2 milhões de hectares do bioma, um dos mais ameaçados do planeta.