A fragmentação da oposição na Bolívia, sua incapacidade de atender aos anseios da população e entender as mudanças vividas pelo país, além dos sucessos econômicos e sociais do presidente Evo Morales, são os principais fatores que devem levar, no próximo domingo, à segunda reeleição consecutiva do ex-líder cocaleiro, com ampla vantagem sobre seus concorrentes – de acordo com as recentes pesquisas de intenção de voto.
A possível vitória de Evo tem muita semelhança com a que ocorreu na eleição de 2009, quando a oposição tentou formar uma frente ampla para enfrentar o presidente e seu partido, Movimento ao Socialismo (MAS), e fracassou, afirmam analistas ouvidos pelo Estado.
“A ideia de ser oposição apenas por ser contra um candidato ou partido não é suficiente para formar uma base política e eleitoral sólida para enfrentar Evo e o MAS”, explica a cientista política Helena Argirakis, professora da Universidade de Santa Cruz. “Além disso, todas as quatro candidaturas de oposição estão propondo variações do núcleo programático e do modelo econômico lançado pelo presidente em 2006, o que significa que a população não tem uma alternativa realmente diferente.”
Já as perspectivas para a oposição são bem diferentes de cinco anos atrás. Na ocasião, apesar de Evo vencer com 64% dos votos, a chamada “Meia-Lua” boliviana – berço do movimento autonomista de oposição, formada pelos Departamentos (Estados) de Pando, Beni, Santa Cruz e Tarija – continuou sob domínio da oposição. “Além de economicamente debilitada, dividida politicamente e separada da base social, tudo indica que a oposição também perderá seus bastiões territoriais”, diz Helena.
Mas não são apenas os problemas internos da oposição que explicam a cômoda situação de Evo na disputa presidencial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.