Delegados do Partido Trabalhista, o maior da oposição no Reino Unido, votaram nesta terça-feira, 25, em Liverpool, em favor da realização de um novo referendo sobre o Brexit, a separação da União Europeia, caso a primeira-ministra Theresa May não convoque eleições antecipadas.
A decisão sobre um novo referendo aconteceu no penúltimo dia da conferência anual da legenda e deve ser oficializada nesta quarta-feira, 26, pelo líder trabalhista e eurocético do partido, Jeremy Corbyn. A decisão deve reforçar a campanha pela realização de uma nova consulta popular antes que o divórcio entre Londres e Bruxelas seja confirmado.
Antes da votação, Corbyn havia anunciado que acataria a decisão do partido. Com a aprovação desta terça, a bancada trabalhista no Parlamento deve anunciar que votará em bloco contra a proposta de “soft Brexit” apresentada por May – a mesma que foi recusada pela UE na semana passada.
Até então, o Partido Trabalhista se recusava a apoiar a campanha por um novo referendo, porque 37% dos eleitores da legenda votaram em favor da ruptura, em junho de 2016, especialmente em regiões pobres do norte da Inglaterra. Com isso, a campanha passou a ser liderada por ONGs e partidos como o Liberal-Democrata, que têm pouco peso no Parlamento.
Nesta terça-feira, os trabalhistas voltaram a defender a antecipação das eleições gerais, como forma de chegar ao poder antes da concretização do Brexit, em março de 2019. Mas, se May não convocar a votação, a oposição apoiaria abertamente um novo referendo.
“Se tivermos de sair de um impasse, fazer campanha por um novo voto deve ser parte de nossas opções, e ninguém deve excluir a opção da manutenção”, afirmou o deputado trabalhista Keir Starmer, responsável pelo Brexit no partido.
Nesta quarta-feira, Corbyn, a quem cabe a palavra final, deve confirmar a decisão do partido. Com a adesão dos trabalhistas a um novo referendo, a perspectiva de uma nova votação ganha força. Ainda assim, no entanto, ela dependerá do apoio de deputados conservadores contrários ao Brexit.
Até o momento, os líderes do partido de May descartam a hipótese, mas estão cada vez mais sob pressão da ala pró-UE dos conservadores. Segundo pesquisa do instituto YouGov, 86% dos membros do Partido Trabalhista desejam um novo referendo, assim como 55% dos britânicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.