A principal delegação oposicionista da Síria concordou nesta sexta-feira em participar das conversas de paz organizadas pela Organização das Nações Unidas com o governo na próxima semana em Genebra. Segundo os oposicionistas, sua intenção é avançar para reforçar os efeitos positivos da trégua, que é em geral respeitada há duas semanas, e também buscar uma paz duradoura.
O cessar-fogo, impulsionado pelos Estados Unidos e pela Rússia, reduziu a violência e melhorou as condições para a chegada de ajuda em algumas áreas controladas pela oposição e cercadas pelas forças do regime.
“É importante ver a ajuda humanitária”, disse Salem al-Meslet, um porta-voz da delegação oposicionista. “Há algo positivo aqui. A trégua está acontecendo. Isso está ajudando, ainda que não muito, mas pelo menos em algumas áreas, e isso impediu que algumas pessoas fossem alvo de disparos e ataques aéreos e eu acredito que nós podemos fazer mais por nosso povo na Síria para acabar com tudo isso.”
O órgão oposicionista, conhecido como Alto Comitê de Negociações, disse que sua delegação chegará a Genebra nesta segunda-feira e que não haveria condições para a participação nas conversas.
Apesar da trégua, continua a haver na Síria ataques do grupo extremista Estado Islâmico e do braço sírio da Al-Qaeda, a Frente Nusra.
Também na sexta-feira, as forças do regime, apoiadas por ataques aéreos russos e por grupos aliados de milícias muçulmanas xiitas em solo, aparentemente se posicionavam para retomar a antiga cidade de Palmira, no centro da Síria, do Estado Islâmico.
A trégua e o diálogo em Genebra lançam esperanças de uma paz mais duradoura na guerra entre vários lados, que deixou mais de 250 mil mortos em cinco anos de conflito. O dia 15 de março é o aniversário do início do conflito em 2011, quando começou um levante pacífico contra o presidente Bashar al-Assad.
A delegação oposicionista, sediada em Riad, inclui alguns dos mais poderosos opositores de Assad, entre eles alguns grupos islâmicos da linha-dura. Mas o comitê não inclui a Frente Nusra ou o Estado Islâmico, cujo autodeclarado califado abrange grandes áreas da Síria e do Iraque.
De acordo com um ativista contrário ao governo, nos últimos dias houve um forte aumento nos ataques russos e do regime sírio. Segundo ele, a maior parte dos ataques aéreos russos e do regime.
Nesta sexta-feira, pelo menos cinco pessoas foram mortas e dez ficaram feridas em ataques aéreos em áreas controladas pelos rebeldes na cidade de Alepo, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento oposicionista sediado no Reino Unido. O observatório não especificou se os ataques aéreos foram russos ou do regime. Fonte: Dow Jones Newswires.