A coalizão opositora da Venezuela afirmou nesta quinta-feira que coletou mais que o triplo das assinaturas exigidas para o processo de referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro.
O primeiro-vice-presidente da Assembleia Nacional, deputado Enrique Márquez, disse que, segundo os registros preliminares, a oposição obteve na véspera mais de 600 mil assinaturas na primeira jornada nacional de coleta de nomes. O número representa mais que o triplo do exigido pelas autoridades eleitorais para avançar no processo de votação popular contra Maduro.
Márquez disse à emissora local Unión Radio que a oposição ampliará durante a quinta-feira a coleta de assinaturas para fortalecer seus registros.
A oposição diz que o grande número de assinaturas reflete o crescente descontentamento com o governo, diante da inflação fora do controle, de grandes problemas de abastecimento de alimentos e remédios e de uma complexa crise elétrica, que obrigou nesta semana as autoridades a impor cortes de luz em 19 dos 24 Estados do país e gerou protestos em algumas cidades.
O Conselho Nacional Eleitoral exigiu que a aliança opositora obtivesse as assinaturas de 1% (197.978) do total do colégio eleitoral nacional, para avançar nos trâmites do processo. Caso as autoridades eleitorais validem as assinaturas, a oposição poderia passar para outra fase, que implica a coleta de quase 4 milhões de assinaturas para garantir formalmente o referendo.
A coalizão oposicionista espera no início da próxima semana que o Conselho Nacional Eleitoral valide as assinaturas, a fim de caminhar para garantir nos próximos meses o referendo contra Maduro, que alcançou neste ano a metade de seu mandato de seis anos. Na véspera, o presidente minimizou o movimento e disse que o movimento governista seguirá no poder pelo menos até 2018.
A coalizão opositora decidiu em março trabalhar simultaneamente pelo referendo revogatório e por uma emenda para acelerar o fim do governo de Maduro. A Constituição prevê que a votação possa ocorrer assim que a autoridade eleita atinja a metade de seu mandato previsto.
Na semana passada, a maioria opositora do Congresso aprovou em primeira discussão um projeto de emenda constitucional que prevê a redução do mandato presidencial de seis para quatro anos e o fim da reeleição indefinida. A iniciativa deve ser submetida nos próximos dias a um segundo debate, para sua aprovação final. O Tribunal Supremo de Justiça, porém, afirmou nesta semana que o mandato de Maduro não será afetado por qualquer emenda constitucional. Fonte: Associated Press.