No período investigado pelo Ministério Público Estadual a respeito do desvio de recursos públicos em contratos superfaturados, o orçamento da Fundação Theatro Municipal de São Paulo dobrou. Segundo informações da Secretaria Municipal de Finanças, o valor repassado do Tesouro Municipal foi de R$ 59 milhões, em 2013, para R$ 119,3 milhões em 2015. Para este ano, a previsão de gastos é de R$ 121 milhões. Mas o aumento de verba não se traduziu em aumento de espetáculos, especialmente no que diz respeito às óperas, consideradas o carro-chefe. Neste ano, serão quatro, mesmo número de produções montadas em 2013.
Levantamento feito pela reportagem com base na programação publicada no site oficial do teatro mostra ainda que a quantidade de dias no ano em que o Municipal abre as portas ao público segue estagnada. Em 2013, primeiro ano do atual modelo de gestão, via organização social, houve atrações em 103 dias. Em 2014, foram 104 e, em 2015, 103 dias novamente.
Para o diretor da revista Concerto, Nelson Kunze, apesar de o número de óperas não ser alto, houve avanços tanto do ponto de vista institucional quanto artístico. O especialista cita, por exemplo, a regularização trabalhista dos artistas do teatro, que finalmente assinaram contratos via CLT, uma demanda antiga da categoria. “Infelizmente, contudo, ainda do ponto de vista institucional, o teatro não conseguiu ativar a Central Técnica de Produção, indispensável para criação e o armazenamento das produções.”
A gestão Fernando Haddad (PT) também não quis comentar questões orçamentárias do Teatro Municipal, mesmo esse não sendo o objeto de investigação no MPE. Já o maestro John Neschling disse que a programação foi mantida a “duras penas, apesar dos ladrões que pilharam o teatro”. Sobre a central técnica, o músico também informou que não houve verba para implementá-la em função dos desvios.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.