Cerca de 80% das instalações esportivas dos Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021, estão garantidas, assegurou nesta sexta-feira o presidente do Comitê Organizador, Yoshiro Mori. No entanto, dois dos maiores locais podem não estar disponíveis para o megaevento no ano que vem.
"Para um número significativo de instalações, cerca de 80% delas, já obtivemos a aprovação básica para seu uso no próximo ano", disse Yoshiro Mori, após reunião do Comitê Executivo dos organizadores da Olimpíada. "No entanto, também existem locais que já têm reservas para outros usuários no próximo ano", completou.
A disponibilidade para julho de 2021 das 43 instalações esportivas previstas inicialmente para 2020 é uma das grandes dificuldades dos organizadores dos Jogos Olímpicos, que citaram que o Estádio Olímpico de Tóquio, a Arena de Saitama (basquete) e a instalação do hipismo estão entre as estruturas garantidas. Contudo, outras 13 instalações precisam rever o contrato para o uso no ano que vem.
Os organizadores ainda estão trabalhando para garantir a Vila Olímpica, com 5 mil apartamentos, e o Tokyo Big Sight, um grande centro de convenções na Baía de Tóquio que seria usado como o principal centro de imprensa. As negociações seguem e eles disseram estar otimistas, mas, como o local já tem contratos para eventos em 2021, admitem que já estudam outras alternativas. Ire Ducrey, diretor de operações dos Jogos Olímpicos, chamou a Vila Olímpica de "problema número 1".
Os restantes dos 20% estão, segundo Muto, "ainda em negociação" para serem utilizados no próximo ano. O Comitê Organizador pensa em soluções. Entre as sedes ainda em dúvida também está o local em que serão disputadas as provas de taekwondo, esgrima e luta. A instalação já estava reservada para outros eventos nas novas datas dos Jogos, entre 23 de julho e 08 de agosto de 2021.
SIMPLIFICAÇÃO – Os organizadores falaram durante semanas sobre a "simplificação" da Olimpíada do próximo ano para economizar dinheiro devido ao atraso causado pela pandemia do novo coronavírus. Mas nem Mori, nem o diretor-executivo do Comitê Organizador, Toshiro Muto, ofereceram detalhes nesta sexta-feira de como diminuir os gastos. Também não disseram quanto custará o atraso e por quem será pago.
"Levando em consideração a nova situação econômica, social e médica, acreditamos que um jogo simples e seguro é o caminho a seguir para Tóquio 2020", afirmou Mori. "Embora seja o que digo agora, pode ser que, no próximo verão, possamos nos pedir algo festivo. Mas, no momento atual, em nossos preparativos, precisamos levar em consideração se um evento excessivamente comemorativo será amplamente aceito", completou.
Muto citou que existe a possibilidade de reduzir o número de atletas inscritos para diminuir os gastos da organização. A previsão inicial, antes da pandemia, era de que os Jogos tivessem pouco mais de 11 mil competidores, dependendo dos índices conquistados, principalmente na natação e atletismo.
O custo do atraso dos Jogos no Japão é estimado entre US$ 2 bilhões a US$ 6 bilhões (entre R$ 10 bilhões e R$ 30 bilhões, na cotação atual). Sem dar muitos detalhes, o Comitê Olímpico Internacional (COI) prometeu investir US$ 650 milhões (R$ 3,2 bilhões).
Também há duvida quanto à presença de torcedores, reembolso de ingressos e se atletas olímpicos e paralímpicos enfrentarão quarentena antes do evento. Os organizadores dizem que pode levar muitos meses até que todas as questões possam ser esclarecidas.
"Há muita incerteza e várias observações sobre qual será a situação do coronavírus no próximo verão", ressaltou Mori. "É muito cedo para especular e discutir neste momento".