O óbito de crianças no Hospital Municipal da Criança não pode ser utilizado para fazer política. Ao contrário do que alguns têm tentado passar para a opinião pública, a Câmara Municipal tem realizado um trabalho importante na apuração dessas mortes, sem apelar para o sensacionalismo ou o denuncismo que costuma prevalecer em meio a esse tipo de tragédia. Acompanhado de membros da Comissão de Saúde, tive acesso a documentos internos e depoimentos sobre as mortes, que indicam a ausência de uma causa em comum ou foco infeccioso, reduzindo as possibilidades de desleixo ou de irregularidades graves na unidade.
Não se pode ignorar que o trabalho para apontar causas e responsabilidades parece estar bem encaminhado. Foi instalada uma sindicância, promovida pela própria Secretaria Municipal de Saúde, e o Ministério Publico Estadual está fazendo sua investigação, com a isenção que o assunto merece. Considero prudente aguardarmos o fim da investigação dos órgãos competentes antes da se iniciar uma investigação na Câmara, o que certamente misturaria interesses particulares, especialmente em um ano pré-eleitoral.
Outra questão bastante preocupante é a possibilidade de fechamento do Hospital Stella Maris. Com 46 anos de existência, esta tradicional entidade de Guarulhos passa por graves problemas financeiros e lamentavelmente depende de ajuda do Estado e do Município para manter as portas abertas. O fechamento da unidade agravaria ainda mais os problemas relacionados à saúde em nosso município, mesmo com a construção de novas UPAs na cidade.
É muito comum ouvirmos críticas sobre o sistema de saúde pública, que precisa, sim, de investimentos constantes. O que ocorre é que esse mesmo sistema acaba, muitas vezes, socorrendo financeiramente entidades filantrópicas particulares e os problemas enfrentados por essas instituições têm sido muito frequentes. Depois do fechamento do Hospital Brasil, houve o caso do Menino Jesus, do Hospital Pio XII – que foi reaberto e é utilizado pela rede Unimed -, e da Santa Casa – que se transformou no Hospital Municipal da Criança.
Todas essas situações vêm ao encontro do que tenho repetido em reuniões e na Câmara: além da necessidade de aumentar os recursos financeiros e humanos, a saúde precisa também de uma melhor gestão desses recursos. Inclusive no setor privado e nos planos de saúde, cujos problemas já foram abordados neste espaço.
Espero que possamos encontrar uma saída honrosa para o caso do Stella Maris. Da minha parte, não medirei esforços para que possamos fazer o melhor nestas questões.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna
