É praxe que produções hollywoodianas de sucesso tenham sequências garantidas – e quanto mais rápido, melhor. Mas no caso de Avatar (2009), que rendeu US$ 2,9 bilhões mundialmente, não foi bem assim, segundo James Cameron. "Parece óbvio para todo o mundo que, se você fez um monte de dinheiro, vai haver outros filmes", disse ele em coletiva de imprensa. "Bem, Steven Spielberg não fez uma sequência de <i>E.T. – O Extraterrestre</i>, uma das maiores bilheterias da história. Então não é uma certeza. Como você garante que vai ganhar na loteria duas vezes seguidas?"
E é por uma série de razões que <i>Avatar – O Caminho da Água</i> chega apenas nesta semana aos cinemas – no Brasil, na quinta-feira, 15 -, treze anos após o original. A primeira foi que Cameron explorou um pouco mais o oceano que tanto ama, descendo até as profundezas da Fossa das Marianas. Ali por 2012, quando finalmente começou a planejar mais dois filmes para completar uma trilogia, ele percebeu que não seriam suficientes. Demorou quatro anos para completar, com seus colaboradores, quatro roteiros. No meio da jornada, a Fox foi vendida para a Disney. No fim, ele acabou rodando as partes 2 e 3 concomitantemente.
<b>FANTASIA</b>
Nesse tempo todo, o mundo mudou, a indústria cinematográfica se transformou, e o próprio James Cameron diz não ser mais o mesmo homem que dirigiu O <i>Exterminador do Futuro</i> (1984) e <i>Titanic</i> (1997). "Com o tempo, fui encontrando maneiras de falar da minha experiência de vida pela lente da fantasia, ou da história", disse ele em entrevista ao <b>Estadão</b>, na época do relançamento da versão 4K HDR de Avatar, em setembro. "O Caminho da Água trata da minha vivência como pai e como marido, fala da importância da família, de como ela pode nos enlouquecer, mas também nos dá a força e a autoconfiança para sair pelo mundo realizando coisas. Eu não teria como escrever esse filme quando fiz <i>O Exterminador do Futuro 2</i>, porque ser um pai era uma hipótese. Agora eu sei quais são as regras e os desafios da paternidade."
<i>Avatar – O Caminho da Água</i> se passa cerca de 15 anos após os eventos de Avatar. Jake Sully (Sam Worthington) agora está casado com Neytiri (Zoe Saldana). O casal lidera o clã dos Omaticaya e tem três filhos naturais, Neteyam (Jamie Flatters), Loak (Britain Dalton) e Tuk (Trinity Jo-Li Bliss), além dos adotados Kiri (Sigourney Weaver), filha da cientista Grace, e Spider (Jack Champion), que foi abandonado na base dos humanos.
Mas, depois de expulso, o "povo do céu" – nós, humanos – está de volta à Pandora, com o Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang) agora transformado em um avatar e pronto para se vingar de Jake. Para proteger seu povo da floresta e sua família, eles se refugiam com outro clã, os Metkayina, liderados por Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet) e que vivem na água. "Jim (Cameron) quis fazer um filme sobre como a história se repete. Só que, em vez de se passar em algum lugar da Terra, é outro planeta, que sofre a ação de pessoas que querem ir e explorá-lo sem qualquer consciência", disse Saldana em entrevista ao <b>Estadão</b>, durante a CCXP.
É uma oportunidade e tanto para James Cameron e os artistas da WETA fazerem sua mágica novamente – só que debaixo da água. Foi um desafio para os atores, que tiveram de atuar com os apetrechos da captura de movimentos, só que embaixo da água. "É um dia de cada vez", diz Saldana. "De repente, você se vê embaixo da água por vários minutos sem precisar subir à tona. E isso lhe dá uma autoconfiança tremenda, porque nem em um milhão de anos eu imaginaria que um dia estaria atuando embaixo da água. Eu fico emocionada com isso."
O resultado é mais do que um filme, uma experiência. O produtor Jon Landau, que vem trabalhando com o cineasta há muitos anos, disse durante a CCXP que nunca duvidou. "Jim sempre vai transportar o espectador para um mundo particular. E as pessoas estão à procura disso hoje em dia", afirmou. Cameron disse que não sabe se os cinemas vão voltar aos níveis pré-pandemia. "Mas eu acho que Avatar – O Caminho da Água pode ajudar nisso, porque exige ser visto em um cinema, para ter a experiência completa."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>