Evitar uma cirurgia por medo dos efeitos da anestesia é mais comum do que se imagina. São muitos os mitos que assombram a cabeça dos pacientes sobre os riscos de complicações, mas a realidade é um pouco diferente. Complicações fatais em procedimentos acontecem na ordem de um em cada 200 mil atendimentos, ou seja, é possível que um anestesiologista atue durante a vida inteira, faça milhares de atendimentos, e não presencie nenhuma complicação grave decorrente de anestesia.
De acordo com Oscar Cesar Pires, doutor em Anestesiologia, mestre em Farmacologia e diretor científico da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, o profissional deve ter atenção especial quanto à manipulação e manuseio do sistema respiratório. "Precisa verificar, no momento da consulta pré-operatória, sobre eventuais doenças crônicas do sistema respiratório, para calcular o risco durante a cirurgia", relatou.
Cerca de dois terços das complicações relacionadas à anestesia são respiratórias e estão associadas a problemas de ventilação e acesso às vias. O restante acontece, principalmente, nos sistemas cardiovascular e neurológico.
Pré-operatório – Uma semana antes da cirurgia, o paciente passa por uma consulta com o anestesiologista para a realização de exames clínicos e checagem de exames pré-operatórios. Cabe ao especialista passar novas orientações sobre a dosagem ou até mesmo suspender o uso de algum medicamento que o paciente faça uso. "Há medicamentos que podem interagir com os anestésicos e é importante que o paciente informe ao médico na consulta pré-operatória se faz algum tratamento com medicamento", alertou Pires.
Dependendo do caso, pacientes com problemas cardíacos ou idade avançada podem ser atendidos por outros especialistas antes da operação. O anestesista também pode pedir exames direcionados ao paciente caso ele tenha uma doença pré-existente.
Não minta para o médico
Uma das preocupações mais frequentes entre pacientes as vésperas de uma cirurgia é o choque anafilático, uma reação alérgica grave, mas que pode ser revertida caso o centro cirúrgico esteja corretamente equipado. "Em mais de vinte anos de profissão eu nunca presenciei casos como esse", afirmou o anestesiologista.
Alergias a medicamentos que compõem a anestesia também geram dúvidas. O especialista explica que os medicamentos atuais são muito seguros e que é muito baixa a incidência de alergias e complicações graves com esses medicamentos. "Não há exames que determinem se o paciente é alérgico aos medicamentos, existem apenas cuidados para aqueles que são alérgicos a borracha ou látex, por isso, o paciente deve ser o mais transparente possível nas consultas", disse Pires.
Existe também a crença de que a anestesia geral é muito perigosa, no entanto há riscos em todos os tipos de anestesia. "Seja ela regional, bloqueios de nervos periféricos ou geral", finalizou.