Com a aproximação do início das campanhas eleitorais propriamente ditas, atuais vereadores e potenciais candidatos à Câmara Municipal, que venderam a ideia a determinados prefeituráveis que são bons de votos, começam a cobrar as faturas. Sabedores que em toda coligação, principalmente naquelas maiores, há um valor estipulado para a “bolsa-candidato”, os tais figurões começam a condicionar seu empenho em favor dos majoritários ao pagamento de valores bem superiores. Alguns, ao ouvir os primeiros nãos, começam a trabalhar contra.
Esquema Saae
Com a série de restrições a gastos e à própria crise econômica e política, em que encontrar financiadores de campanhas se tornou tarefa das mais difíceis, algumas torneiras funcionam igual ao abastecimento em Guarulhos. Tem dia que tem água, em outro nem uma gota. Aí o sistema entra em manutenção, a distribuição é suspensa e por aí vai. Nessa toada, o que tem já de potencial pré-candidato à Câmara insatisfeito não é brincadeira. Numa campanha eleitoral, ter um bom nome trabalhando a favor sempre é positivo. Quando esse mesmo bom nome começa a jogar contra, o estrago é infinitamente maior.
A vitória de Almeida
Os professores da rede municipal de ensino se comportaram como verdadeiros guerreiros durante 16 dias de paralisação. A manutenção da greve por um período longo era difícil, já que a mobilização começava a perder a força. Havia pressão de pais que não conseguem entender a raiz dos problemas e milhares de crianças fora das escolas. A volta ao trabalho era questão de dias. Provavelmente, o prefeito Sebastião Almeida (PT), que tem origem no sindicalismo, apostou suas fichas nesse desgaste e obteve êxito.
Gosto amargo
Diferente do que divulgou o Stap (Sindicato dos Trabalhadores da Administração), que considerou a greve vitoriosa, os professores engajados de verdade no movimento saíram da assembleia de terça-feira com o gosto amargo da derrota na boca. Afinal, a partir da proposta apresentada ao TRT, Almeida deixou de ser devedor das gratificações, que deveriam ter sido pagas em junho. Agora, de forma oficial, ele só pagará a partir de novembro em 12 parcelas e, ainda assim, se houver caixa.
Desgaste natural
Os únicos que ganharam alguma coisa neste movimento foram os professores de educação infantil que terão a tão desejada equiparação com os profissionais do básico. Fora isso, nada de conquistas relevantes que pudessem, em tese, justificar o fim do movimento. O fim da greve só ocorreu devido ao desgaste natural do movimento, já que o sindicato e algumas lideranças acabaram convencidos que seria impossível avançar mais. Prevaleceu a tese da administração que não há recursos.
Estranha?
Na reunião de conciliação realizada no TRT em São Paulo, chamou a atenção dos servidores municipais o fato de a secretária adjunta de Assuntos Jurídicos, Karen Silvia Dias Frade Estanquiere, estar na mesa em defesa da administração municipal. Apesar de advogada, o cargo de origem dela na Prefeitura é o de professora Educação Básica I, ou seja, pertence à categoria reclamante. Na SAJ desde 2013, indicada pelo secretário Severino José da Silva, em junho de 2015 foi demitida do cargo de diretora devido a uma decisão judicial. Já em outubro do mesmo anos, acabou agraciada com o cargo de adjunta.