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Oscar Niemeyer é tema de grande retrospectiva no Japão

No Japão, no moderníssimo Museu de Arte Contemporânea de Tóquio, até 12 de outubro deste ano, foram reservados dois mil metros quadrados para uma retrospectiva celebrando o arquiteto Oscar Niemeyer. Curada por Yuko Hasegava e com montagem e design feitos pelos arquitetos Kasuo Sejima e Ryue Nishizawa, do escritório SANAA, ganhadores do Pritzker Prize de 2010, a exposição O Homem Que Fundou Brasília vem fazendo estrondoso sucesso, o que não se esperaria quando sabemos que sete arquitetos japoneses são também, como Niemeyer, detentores do famoso prêmio de arquitetura.

Só no primeiro mês – está em cartaz desde 18 de julho -, mais de 21 mil pessoas visitaram a exposição. E basta dizer que o famoso designer inglês Jasper Morrison, radicado no Japão, depois de visitar a mostra, declarou jamais ter visto algo parecido em sua vida.

Com maquetes de diferentes tamanhos, fotografias de Leonardo Finnoti, Cristiano Mascaro, Marcel Gouterau e Yukio Futagawa, vídeos, desenhos, móveis e uma sala que passa a sensação de estarmos passeando pelo Parque do Ibirapuera e sob suas marquises, pois caminha-se sobre um enorme tapete onde foi projetada a foto do parque tirada a partir do Google Maps, a mostra de fato surpreende.

Além das maquetes gigantes como a da Catedral de Brasília, da Casa das Canoas, de uma universidade na Argélia, da Pampulha e do Museu de Niterói, chama especialmente a atenção um desenho do acervo do Instituto Moreira Salles, de quase 20 metros de comprimento, onde o arquiteto brasileiro, que morreu aos 104 anos de idade em 2012, relata a evolução de sua arquitetura por meio apenas de traçados. Outro atrativo é um filme de 1967, descoberto no Arquivo Nacional, onde, com 34 anos, o atual Imperador Aikito visita Brasília acompanhado de Niemeyer e ambos são depois recebidos em jantar pelo então presidente Costa e Silva.

Encanta especialmente aos locais o aspecto artístico do trabalho de Niemeyer e a capacidade que tinha de transformar seus desenhos dinâmicos, sensuais e de geometria modernista em formas físicas no espaço.

Em palestra no dia 22 de agosto último, anunciada como “We love Niemeyer”, Sejima e Nishizawa, autores de projetos como o do New Museum em Nova York e o novo Louvre na cidade francesa de Lens, discorreram sobre o arquiteto brasileiro e contaram que, quanto mais pesquisavam, mais se surpreendiam como Niemeyer podia ser tão brasileiro e, ao mesmo tempo, tão universal. E concluíram que a força das imagens de suas obras servia também para evidenciar o desenvolvimento industrial do Brasil moderno e projetar o País no mundo. Mostraram imagens do Museu Hiroshi Senju, famoso pintor japonês, feito por eles em Karuizawa, exemplificando como eles próprios tomaram emprestada a ideia das curvas da marquise do Ibirapuera.

O próximo palestrante dentro das atividades paralelas à mostra será o arquiteto Toio Ito, outro semideus da arquitetura, ex-professor de Sejima e também detentor do Pritzker. Para os japoneses, um fato interessante sobre Oscar Niemeyer é o de ele ter sido agraciado, em 2004, pelo imperador japonês com o Praemium Imperiale, uma espécie de Nobel cultural que é dado anualmente a personalidades culturais que enriquecem a comunidade internacional.

Fãs do arquiteto brasileiro, Sejima e Nishizawa já ganharam exposição no Instituto Tomie Ohtake em 2008, chamada Sejima + Nishizawa/Sanaa: Flexibilidade, Transparência, Amplitude. E Yuko Hasegava, a curadora da mostra e diretora do museu, outra fã do arquiteto, tem laços com o Brasil onde esteve algumas vezes e foi cocuradora da Bienal de Arte de São Paulo em 2010.

Em recente viagem de trabalho ao Japão, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, visitou a mostra acompanhado do embaixador André Corrêa do Lago. E é plano do embaixador brasileiro, no dia 7 próximo, comemorar no museu a nossa data nacional.

Essa grande retrospectiva é apenas um dos muito eventos do Festival de Cultura Brasileira que, em 2015, em diversas frentes, vem celebrando os 120 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão, iniciadas em 1895. Sem a ajuda de empresas brasileiras no Japão e japonesas no Brasil, não seria possível sua realização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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