Mais de cem apresentações; 58 artistas convidados – 70% deles estrangeiros; expectativa de uma Sala São Paulo com 100% de ocupação; a volta da venda de assinaturas. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) anuncia nesta terça-feira, 5, sua temporada 2022, na esperança de que, até lá, tudo volte a ser como antes – ou, pelo menos, mais próximo do "velho" do que do "novo" normal.
"Precisamos manter nosso trabalho, mesmo sabendo que algumas coisas podem mudar", diz Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Osesp. "Com o passaporte da vacina, esperamos ter mais uma vez a casa cheia. Vamos vender assinaturas agora e os ingressos avulsos, apenas mais para frente. Assim, ficamos com cerca de 35% da lotação como manobra para voltar a fazer o distanciamento social na plateia caso a pandemia assim exija."
Batizada de Vasto Mundo, a programação gira em torno da Semana de Arte Moderna, realizada em 1922 e que completa um século no próximo ano. Nela, um grupo de artistas de diferentes áreas – música, artes plásticas, literatura – apresentou obras que sinalizavam, em conjunto, a busca de um novo espírito que rompesse com a arte conservadora do século 19.
Na temporada da Osesp, esse mote aparece com um olhar, por um lado, histórico, com a interpretação de obras de compositores ligados à ideia da arte nacional então proposta, como Heitor Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, símbolos do nacionalismo musical brasileiro. De outro lado, a programação se abre para o repertório de hoje.
"Os modernistas, segundo acima de tudo Mário de Andrade, entenderam nossa cultura como um campo aberto, ao mesmo tempo voltada para si e em diálogo com o mundo. Dessa perspectiva, pensando num arco de tempo de meio século expandido – de 1894 (ano de estreia do Prélude à l après-midi d un faune, de Debussy, tido como marco inaugural da modernidade) até 1954 (fundação da Osesp) -, reunimos 100+22 obras, entre sinfônicas, corais e de câmara, brasileiras e estrangeiras", explica Arthur Nestrovski, diretor artístico da Fundação Osesp, responsável pela formatação da programação.
Assim, serão realizadas estreias latino-americanas de cinco compositores de fora do País, como Jörg Widmann, Roberto Sierra, Jimmi López, Thomas Adès e Jessie Montgomery. Na programação sinfônica, há apenas um brasileiro vivo: o compositor Marcos Balter. Mas autores homenageados, como Arrigo Barnabé e Rodolfo Coelho de Souza (que completam 70 anos em 2022), terão obras apresentadas pelo Quarteto Osesp e pelo Coro da Osesp, que também estreia obra de Valéria Bonafé. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>