O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, reconheceu que os países da aliança precisam "pagar um preço" pelo apoio à Ucrânia na guerra contra a invasão russa, mas defendeu que a obstinação na assistência aos ucranianos é importante para a segurança dos próprios aliados.
Em artigo publicado no jornal <i>Financial Times</i> hoje, Stoltenberg afirmou que a solidariedade ocidental tem sido testada pela escalada nos preços que prejudica famílias e empresas. "Mas o preço que pagamos é contado em dólares, euros e libras, enquanto os ucranianos estão pagando com suas vidas", escreveu.
Stoltenberg exortou a comunidade internacional a lutar contra a "tirania", mesmo com a ameaça de cortes de energia e risco até de instabilidade social. Segundo ele, uma eventual vitória da Rússia serviria de sinal verde para que regimes autoritários invadissem países vizinhos e violassem as normas legais.
"Se a Ucrânia parar de lutar, deixará de existir como nação independente. Temos a responsabilidade moral de apoiar esta democracia independente no coração da Europa", destacou.
O secretário-geral assegurou que as sanções estão tendo o efeito desejado sobre a economia russa. De acordo com ele, a tendência é de que os efeitos se agravem, à medida que o Ocidente congela ativos do país. "O Kremlin se isolou de seus mercados de petróleo e gás mais próximos e lucrativos na Europa", afirmou.
A publicação do texto acontece no momento em que a Europa enfrenta as consequências mais agudas da retaliação russa. Nesta semana, a estatal russa Gazprom suspendeu o fornecimento de gás natural pelo gasoduto Nord Stream 1, levantando temores de que a Europa tenha que racionar a energia nos meses de inverno.