Estadão

Otan deixará 300 mil soldados em alerta máximo após ameaça russa

A Otan prometeu nesta segunda, 27, aumentar drasticamente o número de tropas que mantém em "alto nível de prontidão" em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, o número de soldados em alerta máximo deve saltar de 40 mil para 300 mil nos próximos meses.

O anúncio do líder da Otan ocorreu às vésperas de uma reunião de cúpula da aliança, em Madri, de hoje, terça-feira, 28, até quinta, 30, que deve definir aspectos importantes do posicionamento da Otan sobre a Ucrânia e o futuro da parceria entre os países-membros. Stoltenberg classificou a etapa como a "maior revisão de defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria".

<b>Mudança</b>

Transformar a força de resposta rápida da Otan, que conta com cerca de 40 mil soldados, é apenas uma das maneiras pelas quais a aliança pretende responder à invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com os planos, a aliança também transferirá estoques de munições e outros suprimentos para o Leste Europeu, uma transição que deve ser concluída em 2023.

Em Madri, os aliados discutirão ainda planos para reforçar as fronteiras com Belarus e Rússia, delinear um novo modelo de força, anunciar financiamentos e publicar um "pacto estratégico" para os próximos anos, de acordo com diplomatas da Otan.

Na última vez em que a aliança publicou esse tipo de documento estratégico, em 2010, os laços com a Rússia eram mais amigáveis. A versão mais recente "deixará claro que os aliados consideram Moscou como a ameaça mais significativa e direta", disse Stoltenberg.

<b>Suécia e Finlândia</b>

Os países da Otan também debaterão os pedidos de adesão de Suécia e Finlândia. Até agora, a Turquia bloqueou as propostas dos países, acusando ambos de abrigar grupos "terroristas" – como os turcos se referem aos separatistas curdos.

Tanto Stoltenberg quanto a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, disseram na semana passada que tentariam convencer a Turquia a mudar de ideia e aceitar a entrada dos dois países antes da cúpula de Madri.

Ontem, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, confirmou reuniões tanto com Magdalena quanto com o presidente finlandês, Sauli Niinisto. Stoltenberg, porém, tratou de reduzir as expectativas de um acordo. "É muito cedo para dizer que tipo de progresso podemos alcançar", disse.

<b>Exigências</b>

Erdogan exige o fim do bloqueio da exportação de armas suecas e finlandesas para a Turquia, em vigor desde a intervenção militar turca no norte da Síria, em outubro de 2019, o endurecimento da legislação antiterrorista da Suécia e a extradição de várias pessoas que Ancara descreve como terroristas.

A cúpula de Madri deve ser dominada pela guerra da Ucrânia. Apesar do compromisso da Otan com a defesa dos ucranianos, a aliança pretende oferecer apenas ajuda não letal, já que seus membros não querem arriscar um confronto direto contra a Rússia.

A presença da Otan no Leste da Europa, perto da fronteira da Rússia, era justamente a razão alegada pelo presidente russo, Vladimir Putin, para invadir a Ucrânia, em fevereiro. Portanto, o aumento do efetivo não deve ser bem recebido em Moscou, muito menos a notícia de que os membros da alianças ampliaram seus gastos militares.

<b>Tensão</b>

De acordo com números divulgados esta semana pela Otan, os gastos com defesa entre seus 30 membros devem aumentar 1,2% em termos reais este ano, a taxa de crescimento mais lenta em oito anos sucessivos de incremento.

Em 2022, nove países devem ultrapassar a meta de 2% do PIB em gastos militares, liderados pela Grécia, com 3,76%, e EUA, com 3,47%. O Reino Unido ocupa o sexto lugar, com 2,12%, um gasto ligeiramente abaixo dos dois anos anteriores. A França gastará 1,9% do PIB e a Alemanha, 1,44%. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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