A Bolsa brasileira registra sua quarta alta seguida, o que, se dada em andamento até o fim do dia, tende mais que apagar a perda de 1,95% da semana passada, já que até o momento acumula valorização de 4,71%. A elevação do principal índice à vista da B3 está associada a variações positivas exibidas nas bolsas europeias e americanas. A expectativa é de que os ruídos políticos tenham impactos limitados, mas sigam no radar, já que a prisão do policial militar Fabrício Queiroz, ligado ao clã Bolsonaro, tende a fragilizar ainda mais a imagem do governo.
Às 11h10, o Ibovespa subia 1,07%, aos 97.153,48 pontos, enquanto em Nova York o avanço máximo era de 0,99% (Nasdaq).
O ambiente tranquilo no exterior é amparado por sinais amistosos nas relações entre China e Estados Unidos. Há informações de que o país asiático pretende acelerar compras de produtos agrícolas norte-americanos para cumprir o acordo comercial fase 1. Da Europa, o que anima é o resultado melhor que o esperado das vendas varejistas do Reino Unido, indicando que o país tenta se recuperar dos efeitos da pandemia de coronavírus.
Contudo, para que o processo de retomada na Europa e em outras partes do globo avance é preciso que as autoridades mundiais continuem a colocar recursos nas economias. Líderes da União Europeia discutem hoje uma proposta de estímulos de 750 bilhões de euros, com Alemanha e França se esforçando para que o acordo seja selado até o próximo mês.
Ainda que não cause estragos imediatos, a questão política do Brasil segue no foco dos investidores, "em especial a reação do governo após os episódios desta semana", observa em nota a MCM Consultores. Ontem, ao comentar a prisão de Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro fez um breve comentário, classificando a maneira como a detenção foi feita de "espetaculosa".
Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, a sexta-feira e os próximos dias podem ser de testes na B3, que ontem subiu 0,60% (96.125,24 pontos), enquanto Nova York terminou sem direção definida e Europa caiu. "Ficamos descolados do mundo, principalmente por causa da queda da Selic de 3,00% para 2,25% na quarta. Pode ser que comecemos a testar nossa economia, a ver um novo normal na Bolsa com esse cenário político um pouco mais conturbado após semanas de tranquilidade", cita.
Contudo, sinais de retomada da agenda reformista, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando esta semana planos de privatização da Eletrobras em 2020 podem atenuar as preocupações de investidores com questões políticas do Brasil, diz o analista. Além disso, acrescenta que a votação agendada do projeto do novo marco legal do saneamento básico, na semana que vem, deve ser o primeiro grande feito do País depois da aprovação da reforma da Previdência e no pós-pandemia. "O político pode trazer instabilidade, assim como o externo por causa de temores relacionados a uma segunda onde de coronavírus. No entanto, sinais de diálogos internos Congresso, Planalto e STF e de avanço em reformas podem mitigar preocupações políticas", avalia.
<b>Blue chips</b>
AS ações da Vale e da Petrobras que já são acompanhadas com afinco pelo investidor, devem ficar ainda mais hoje, após noticias envolvendo as companhias. No caso da mineradora, a informação é de que a empresa anunciou que sua subsidiária Vale Canada Limited assinou, juntamente com a Sumitomo Metal Mining Co, acordo para a venda de participação de 20% na PT Vale Indonesia TBK para a PT Indonesia Asahan Aluminium (Inalum). Já a estatal petrolífera assinou dois aditivos aos contratos com a Braskem relacionados à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada em Canoas (RS).
Além disso, firmou contratos para fornecimento de nafta petroquímica para plantas da Braskem totalizando R$ 35,5 bilhões. O preço será de 100% da referência internacional do Noroeste da Europa (ARA).
Para completar, o petróleo sobe na faixa de 3% no mercado internacional, dado força às ações da Petrobras, que têm ganhos de 1,06% (PN) e de 0,75% (ON).