Estadão

Otimismo externo impulsiona Ibovespa à 4ª alta seguida, enquanto mercado olha PEC

Busca por ativos de risco no exterior impulsiona o Ibovespa, de forma a conduzi-lo ao quarto pregão consecutivo de alta. Estudos mostrando que os efeitos da variante de coronavírus Ômicron são leves, dados robustos da China e da Europa animam investidores globais, elevando a percepção de que a retomada está em vigor e não corre tanto risco. Neste sentido, ainda agrega otimismo a decisão da véspera do governo chinês de cortar a taxa de depósito compulsório, injetando 1,2 trilhão de yuans (cerca de US$ 188 bilhões) na economia.

Desde o início da madrugada há um tom positivo, nos mercados em meio a uma série de boas notícias, avalia Juio Pinelli, especialista em renda variável da Delta Flow Investimentos. "A principal delas é que a variante de coronavírus Ômicron, que gerou grande preocupação até semana passada, quando tínhamos informações controversas e dados distintos, agora há notícias encorajadoras. Ou seja, o impacto econômico não deve ser tão relevante", afirma.

"Os mercados mundiais operam em alta na manhã desta terça-feira, em meio à redução das preocupações com a variante Ômicron do coronavírus. Aqui no Brasil, os holofotes seguem voltados para a promulgação da PEC dos Precatórios e para o Copom (Comitê de Política Monetária)", cita em relatório Lucas Collazo, especialista em investimentos da Rico. A expectativa majoritária é de alta de 1,50 ponto porcentual na Selic, que está em 7,75% ao ano. A decisão sai amanhã.

As commodities avançam de maneira consistente, caso do minério de ferro, que subiu 8,28% no porto chinês de Qingdao. Com isso, as ações do setor metálico sobem, influenciando o Ibovespa. Além da elevação do petróleo na faixa de 3% no exterior, os papéis da Petrobras reagem à conclusão da venda para a Petrorecôncavo dos nove campos que formam o Polo Miranga, na Bahia.

"Notícias de que a variante Ômicron não tem causado elevação forte dos hospitais impactam positivamente nos mercados de ativos de risco. Além disso, a GlaxoSmithKline informou hoje que novos estudos pré-clínicos demonstraram que seu tratamento de anticorpos Sotrovimab retém eficácia contra a variante", cita em nota a MCM Consultores.

No entanto, ficam no radar os ruídos políticos envolvendo a Petrobras, o que pode limitar eventual alta das ações e do Ibovespa, bem como o impasse da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu ontem um processo administrativo envolvendo a companhia após o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarar, no domingo, que a estatal anunciaria redução nos preços dos combustíveis até o fim do ano.

As discussões sobre o projeto devem continuar hoje. Para agilizar a votação da proposta no plenário da Câmara com as mudanças no texto feitas pelo Senado, a cúpula do Congresso avalia vincular o espaço fiscal ao Auxílio Brasil e a despesas previdenciárias. Enquanto isso, o governo vai editar uma Medida Provisória para bancar o Auxílio Brasil em dezembro, já que a PEC dos Precatórios não foi promulgada ainda pelo Congresso.

"É preciso ficar atento a essas questões, mas não deve atrapalhar. A tendência é que a aceleração continue, a não ser que ocorra algo com a PEC, se não for fatiada, se não passar na Câmara", avalia o estrategista Jefferson Laatus, em análise matinal a clientes e à imprensa.

"Nada impede o Ibovespa de voltar para os 110 mil pontos. Aparentemente, mercados estão entrando num ciclo mais positivo", completa Laatus.

Ontem, o Ibovespa subiu pelo terceiro dia seguindo, com alta de 1,70%, aos 106.858,87 pontos.

Na agenda destaque apenas para dados da China e da Alemanha. As importações chinesas cresceram 31,7% em novembro, bem acima da expectativa do mercado (19,8%), enquanto as exportações tiveram aumento de 22%, também superando estimativas (16,1%). Já a produção industrial da Alemanha subiu 2,8% em outubro ante setembro, superando projeções de avanço de 1%.

Já nos EUA, o déficit comercial caiu a US$ 67,1 bilhões em outubro, ante previsão -US$ 66,9 bilhões.

Às 10h40, o Ibovespa subia 1,11%, aos 108.048,96 pontos, ante abertura aos 106.868,21 pontos e máxima diária aos 108.655,20 pontos.

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