O padre Antônio Tombolato, de 93 anos, morreu após contrair a covid-19, na noite de quinta-feira, 29, em São Carlos, interior de São Paulo. Ele estava internado desde terça-feira, 27, na Santa Casa de Misericórdia da cidade, após apresentar sintomas e testar positivo para a doença. Padre Antônio é o 12º sacerdote católico vítima do coronavírus no estado de São Paulo. No país, já morreram pelo vírus 78 padres e nove bispos.
O corpo de padre Tombolato foi cremado nesta sexta-feira, 30, após as exéquias celebradas pelo bispo da Diocese de São Carlos, dom Eduardo Malaspina. A cerimônia foi transmitida em redes sociais. As cinzas serão depositadas no Santuário de Nossa Senhora Aparecida da Babilônia, em data ainda não definida.
O sacerdote estava aposentado, após atuar durante 42 anos à frente do santuário e da paróquia Santa Isabel, em São Carlos. Sua atuação ficou marcada pela construção da Creche da Divina Providência para atender crianças pobres. Para a compra do terreno e a construção, ele mobilizou a comunidade realizando festas e quermesses. Pelo seu trabalho pastoral, recebeu do bispo o título de cônego e, depois, o de monsenhor.
Antes o padre, filho de um italiano casado com uma brasileira, participou da fundação da Juventude Operária Católica que condenava a exploração dos trabalhadores pelos patrões, e apoiou a fundação do sindicato dos metalúrgicos. Na época da ditadura militar, foi considerado um padre progressista e chegou a ser chamado de comunista.
Mesmo aposentado, o padre construiu o Oratório Semi Público Nossa Senhora das Dores, onde celebrava missas todas as semanas, antes de adoecer. Dom Eduardo lamentou a morte do sacerdote e agradeceu sua dedicação à Igreja. "Neste momento, alegra-se no céu e colhe os frutos de sua missão junto do Senhor que o chamou", postou na página oficial da diocese. A prefeitura de São Carlos emitiu nota de pesar e lembrou que o padre teve "uma atuação ímpar no trabalho religioso e na assistência social em prol dos mais necessitados".
Outros padres
Outra vítima da covid, o padre Faustino José Tonini, de 78 anos, morreu no dia 8 de abril, em Arujá, na região metropolitana de São Paulo. Ele atuava na Paróquia Senhor Bom Jesus e fazia parte da Congregação dos Padres de Sion. No dia 3 de março, a vítima foi o padre Francesco Tolve, de 75 anos, da paróquia São Jerônimo Emiliani, de Presidente Epitácio. No mesmo dia, morreu de covid o padre Cleiton Jorge Cordeiro Evangelista, de 36 anos, da paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Vargem Grande Paulista. Este ano, já são sete padres mortos pelo coronavírus em São Paulo. No ano passado, foram cinco.
Em todo o país, a covid-19 já causou a morte de 78 sacerdotes, segundo apurou a reportagem. A Comissão Nacional dos Presbíteros, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apontava 65 óbitos de sacerdotes entre 1.455 casos positivos até o fim de fevereiro, quando realizou o último levantamento.
<b>Bispos</b>
O episcopado brasileiro perdeu nove bispos para a covid-19 desde o início da pandemia, segundo a CNBB. Seis mortes aconteceram este ano. O bispo emérito de Ruy Barbosa (BA) e presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), dom André de Witte, morreu no último domingo, 25, em Salvador (BA). Quatro dias antes foi registrada a morte do bispo emérito de Corumbá (MS), dom Segismundo Martinez Alvarez.
Dom Pedro Carlos Zilli, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), morreu no dia 31 de março último, em Guiné-Bissau, na África, onde estava em missão. No dia 28 de março, a CNBB divulgou a morte pela covid do bispo de Rondonópolis (MT), dom Juventino Kestering, que também atuava na Pastoral Indigenista. Dom David Dias Pimentel, bispo emérito de São João da Boa Vista (SP), faleceu em 16 de março. O bispo de Cascavel (PR), dom Mauro Aparecido dos Santos, morreu no dia 11 de março último.
Em janeiro deste ano, morreu de covid-19 o arcebispo emérito do Rio de Janeiro, dom Eusébio Scheid. Já em julho de 2020, foi registrado o óbito do bispo de Palmares (PE), dom Henrique Soares da Costa. Ainda no início da pandemia, em abril, morreu o bispo emérito da Paraíba, dom Aldo di Cillo Pagotto.