Um dos destaques da SP-Arte 2019, o painel Bumba Meu Boi chama a atenção de quem passa. Para além de estar em local privilegiado – junto a um dos primeiros estandes do Pavilhão da Bienal -, suas dimensões impressionam: são cinco metros de comprimento e um e noventa de largura.
Quem ainda não conhece a obra chega mais perto e descobre: trata-se de um fidedigno Di Cavalcanti. Pertencente a um colecionador privado e exposto sob consignação pela Galeria Almeida e Dale, está à venda para o público que frequenta o festival. O valor? R$ 20 milhões.
“A obra atraiu muita gente, é um destaque da feira. Por aqui, só hoje, já passaram peruanos, chilenos etc.”, conta Antonio Almeida, sócio-proprietário da instituição que leva seu sobrenome.
Pintado em 1960, durante uma das passagens do autor pelo México, Bumba Meu Boi é um dos muitos painéis produzidos pelo artista durante a década, marcada pelo encontro entre a arte e a arquitetura modernistas. A obra foi premiada com medalha de ouro na II Bienal Interamericana e já foi destaque no festival Art Rio 2018.
“Di Cavalcanti sempre teve uma cerca vocação muralista”, afirma a curadora Denise Mattar. “É uma vertente estilística mais voltada a preencher amplos espaços, com traços mais largos. Isso acaba dando ondulação para o trabalho dele”, completa.
O público-alvo de um quadro como Bumba Meu Boi são colecionadores privados, que desejam ter uma obra renomada em casa e criar um bom acervo pessoal. O hábito costuma ser de família e carregar a história de várias gerações.
Biografia do pintor
O carioca Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo nasceu em 1897 e tornou-se um dos nomes mais importantes do movimento modernista brasileiro. Junto a outros artistas como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, idealizou a Semana de Arte Moderna de 1922.
Conhecido como Di Cavalcanti, tem a carreira marcada por obras de engajamento social, retratando trabalhadores e periféricos como expressões daquilo que chamava de brasilidade. Entre suas principais obras, estão Mulatas (1928) e Cinco Moças de Guaratinguetá (1930).
Foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCB) e perseguido durante o Estado Novo, quando refugiou-se temporariamente em Paris. Morreu em 1976.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.