Após levarem o filho de cinco anos para Espanha em busca de dinheiro para um novo tratamento contra câncer, o casal britânico Brett e Naghemeh King indicaram nesta segunda-feira que vão lutar contra uma extradição de volta para o Reino Unido.
Um juiz espanhol ordenou que o casal fique detido por 72 horas, enquanto os documentos são traduzidos e os médicos são consultados. Depois disso, o juiz pode estender o tempo de detenção da família ou libertá-la.
A família fugiu para a Espanha na esperança de vender um imóvel para obter dinheiro suficiente para um novo tratamento na República Checa ou nos Estados Unidos, onde esperam ajudar seu filho. A polícia os perseguiu e emitiu um mandado de prisão por suspeita de negligência após o Hospital Geral de Southampton perceber que seu paciente Ashya King, de cinco anos, havia sumido, sem o consentimento da instituição.
O caso chocou o Reino Unido, que se orgulha de um serviço de saúde que oferece atendimento universal. Mas o incidente também levantou questões sobre os esforços das autoridades em interferir em temas tão sensíveis. Os agentes britânicos viajaram para a Espanha com o objetivo de interrogar o casal, sob alegação de que seria melhor agir proativamente do que arcar com a possível morte do garoto.
Emissoras britânicas de televisão mostraram imagens do casal algemado, entrando em um carro de polícia da Espanha. Quando questionados pela BBC sobre seus pontos de vista, os King disseram ao repórter que estão apenas tentando ajudar o filho.
A família tem criticado o sistema de saúde do Reino Unido ao afirmar que o jovem de cinco anos tem um tumor grave que precisa de uma opção de tratamento avançado chamado de terapia de feixe de prótons e que isso não estava sendo disponibilizado.
Em um comunicado postado no YouTube antes da prisão, a família levou o caso ao público depois de ver seus nomes e fotografias publicadas na Internet. O pai, Brett King, disse que temia ser colocado sob uma ordem de restrição judicial após confrontar o conselho dos médicos, ao usar informações obtidas na internet.
“Eles olharam para mim, diretamente nos olhos, e disseram que com este tipo de câncer, que é chamado de meduloblastoma, eu não teria qualquer benefício”, disse ele enquanto balançava seu filho doente no colo. “Bem, eu fui direto para o meu quarto (…) e os sites americanos e sites franceses e suíços, locais onde usam feixe de prótons, diziam o oposto, que seria muito benéfico para ele”.
A terapia de feixe de prótons é um tipo segmentado de tratamento de radiação que aumenta a possibilidade de matar células cancerosas através do envio de uma dose mais elevada de radiação diretamente para o tumor. Ao contrário de outros tipos de tratamento de câncer, isso não mata indiscriminadamente tecido saudável circundante, de modo que poderia haver menos consequências no longo prazo.Fonte: Associated Press.