O indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), Reinaldo Le Grazie, afirmou nesta terça-feira, 5, que o País não pode ficar dependente apenas de fluxos externos como um fator para definir a cotação do câmbio doméstico. Segundo ele, há outros fatores que também precisam entrar nessa equação. Le Grazie fez estas afirmações durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O aspirante a diretor afirmou que a questão dos spreads bancários deve ser endereçada pelo Banco Central e que a concentração bancária é uma tendência global, que acaba ocorrendo no Brasil também. O BC, conforme Le Grazie, avalia o resultado final do resultado fiscal e não exatamente onde os recursos são alocados individualmente. “O BC tem visão agregada do fiscal, e não deve ter visão alocativa dos gastos”, disse.
Intervenções pontuais
Le Grazie concordou com um senador sobre a maior oscilação do dólar nos últimos meses. “Realmente, a volatilidade no câmbio nos últimos tempos tem sido maior do que a média”, comparou durante sabatina na CAE do Senado. Ele disse que isso é reflexo da volatilidade de outros fatores, como a inflação também, por exemplo, e que isso se reflete em todos as outras variáveis, inclusive no câmbio. “Temos de conseguir reduzir a volatilidade, vamos fazer isso com o tripé (macroeconômico)”, disse.
Le Grazie afirmou que o câmbio no Brasil é flutuante. Segundo ele, a livre flutuação lato senso não é uma prática usada no mundo inteiro. “No Brasil, (a flutuação) não deve ser limpa, total. Devem haver intervenções pontuais”, defendeu, citando, principalmente quando aparecem movimentos muitos bruscos sobre essa variável.