Os países-membros da União de Nações Sul-americanas – Unasul, deverão reunir-se no mês que vem, em Montevidéu, para discutir formas de tirar o bloco da paralisia e revitalizá-lo. Foi o que informou nesta segunda-feira, 20, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, durante visita oficial à Bolívia, que atualmente preside o organismo. “O Brasil se empenha para a manutenção desse sistema de integração”, afirmou ele, ao lado de seu homólogo boliviano, Fernando Huanacuni.
A Unasul tem como membros: Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Peru, Chile, Guiana, Suriname e Venezuela.
A Colômbia saiu do grupo no início deste mês, agravando a crise em que a organização mergulhou desde janeiro do ano passado, quando terminou o mandato do ex-presidente colombiano Ernesto Samper como secretário-geral e o candidato único a sua sucessão, o argentino José Octavio Bordón, foi vetado pela Venezuela e outros países de linha “bolivariana”.
O Brasil tem sua participação suspensa desde abril do ano passado, ao lado de Argentina, Chile, Paraguai, Peru. A Colômbia também estava nesse grupo, antes de decidir desligar-se.
Aloysio comentou que a Unasul é o “terreno adequado” para os países membros tratarem de diversos temas, como saúde, integração física, combate a crimes transnacionais e segurança na fronteira. “Procuramos dialogar de modo a superar os impasses políticos que estão travando seu funcionamento, de modo a manter sua organização, finalizá-la, dirigi-la a temas mais pragmáticos”, disse. “Para isso, é preciso afastar as divergências ideológicas, que têm outros terrenos para serem expressadas.”
Além de concentrar-se em temas de interesse mútuo e afastar sua natureza ideológica, Aloysio disse que é necessário reformar a estrutura administrativa da Unasul. Hoje ela tem um orçamento da ordem de US$ 10 milhões, dos quais 40% são custeados pelo Brasil. A sede, em Quito, é um prédio que impressiona pelo tamanho.
“Outros chanceleres compartilham desse ponto de vista”, disse Aloysio. Ele acrescentou contar muito com a reunião convocada para o mês que vem, em Montevidéu, “para que possamos dar um novo começo a essa organização.” O encontro foi articulado por Huanacuni depois da saída da Colômbia.
No encontro, Aloysio defendeu que outras organizações regionais, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que em breve será também presidida pela Bolívia, tem uma agenda de trabalho muito ampla e também precisa de mais foco para obter resultados.
Depois de ressaltar que Brasil e Bolívia vivem provavelmente o melhor momento de seu relacionamento, Huanacuni contou que, na reunião, foi discutido o ingresso da Bolívia como membro pleno do Mercosul. Para tanto, falta o sinal verde do Senado brasileiro.
“O Mercosul deve acolher a Bolívia e o senhor pode contar com o empenho do governo brasileiro”, afirmou Aloysio em resposta. Ele reconheceu que há demora no Legislativo brasileiro em analisar a matéria e disse esperar obter a aprovação ainda este ano.
Na reunião, os ministros discutiram em detalhe a estrutura na fronteira para combate a crimes transnacionais, uma agenda que tem ganhado prioridade no diálogo regional brasileiro. A maior fronteira do Brasil é com a Bolívia. Huanacuni disse que seu governo vai reabrir um posto e iniciar o controle.