O Palmeiras fechou nesta semana o orçamento do último ano com o superávit de R$ 1,7 milhão, mas por outro lado registrou um aumento de 19% na dívida com a Crefisa em comparação a 2018. Responsável por patrocinar a equipe desde 2015 e também por investir na compra de jogadores, a instituição financeira agora é credora de um empréstimo no valor de R$ 170 milhões. No fim de 2018 o valor da pendência era de R$ 142,6 milhões.
As contas do clube foram enviadas aos membros do Conselho Deliberativo nos últimos dias, já que não puderam ser votadas em reuniões presenciais pela precaução com o novo coronavírus. O documento obtido pelo Estado traz as informações financeiras do Palmeiras reunidas em 34 páginas e com o resumo completo de como foi a última temporada. A equipe alviverde arrecadou R$ 641,9 milhões. O segmento que mais rendeu dinheiro foi o de direitos de transmissão, com R$ 216,8 milhões.
Por outro lado, o Palmeiras teve despesas de R$ 640 milhões, das quais R$ 213,7 milhões foram para manter os salários do departamento de futebol. Em comparação ao exercício anterior, o ano de 2018, a equipe manteve uma estabilidade nos custos, porém teve reduções nas receitas. As maiores quedas foram em premiações, de R$ 33 milhões para R$ 21 milhões, e também na negociação de atletas. Após lucrar R$ 169 milhões com a venda de jogadores, o Palmeiras embolsou R$ 70,6 milhões em 2019.
Um outro trecho do balanço se dedica principalmente à pendência do clube para com a Crefisa, avaliada agora em R$ 170 milhões. Em janeiro de 2018 o Palmeiras e a empresa assinaram um termo aditivo sobre o formato da operação utilizada entre ambos para contratar jogadores com recursos vindos da patrocinadora. Em vez de configurar como compras de propriedade de marketing, passou a ser um empréstimo com juros corrigidos pela CDI. O acordo foi refeito para se adequar a uma exigência da Receita Federal, que multou a Crefisa no fim de 2017 por considerar inadequado o formato utilizado anteriormente.
Quando houve a atualização deste contrato, o montante era estimado em R$ 120 milhões. O valor inclui diversas contratações de reforços, como Borja, Guerra, Lucas Lima, Luan, Bruno Henrique, Deyverson e diversos outros jogadores. O formato do empréstimo obriga o Palmeiras a devolver o valor recebido pelas vendas desses atletas em até dois anos após a saída deles para outras equipes.
No fim de 2019 o valor devido pelo Palmeiras era de R$ 172 milhões, porém a diretoria conseguiu diminuir um pouco da dívida para R$ 170 milhões. Foram pagos R$ 2 milhões com recursos das vendas de Juninho, Thiago Santos e com o dinheiro recebido pela negociação de empréstimo de Carlos Eduardo ao Athletico-PR.
O balanço revela que caso a equipe não consiga devolver o dinheiro aplicado pela empresa, terá de utilizar outras receitas como garantia. "Em caso de inadimplemento pelo clube, as receitas de bilheteria e patrocínios ficam condicionadas como garantia para a liquidação da correspondente dívida", diz um trecho do relatório contábil.
ALLIANZ PARQUE – O balanço mostra o valor que o Palmeiras tem a receber dos gestores do Allianz Parque em contrapartidas firmadas pela administração do estádio. Embora o texto ressalte que há uma negociação em andamento sobre a melhor forma de se acertar a pendência, o documento revela que o clube considera ser credor do recebimento de R$ 59,5 milhões.