O Palmeiras vai voltar a usar o avião que pertence à empresa de Leila Pereira, presidente do clube, em suas próximas viagens, depois da falha técnica na aeronave há 20 dias que alterou a logística para o retorno da Colômbia ao Brasil após o duelo com o Deportivo Pereira, pelas quartas de final da Libertadores.
As próximas viagens do Palmeiras, incluindo Porto Alegre para enfrentar o Grêmio, dia 21 deste mês, pelo Brasileirão, e Buenos Aires, onde jogará contra o Boca Juniors, dia 28, pela semifinal da Libertadores, serão feitas com o avião da Placar Linhas Aéreas, empresa que pertence à presidente Leila Pereira.
O discurso da presidente é de que o clube não precisará pagar pelo aluguel da aeronave e economizará tempo antes e depois das partidas. Porém, em seu primeiro voo internacional, a aeronave deixou o Palmeiras na mão, obrigando a delegação a atrasar o retorno ao Brasil, e a percorrer quase 200 quilômetros de ônibus para pegar um voo comercial a Cali e só chegar a São Paulo quase dois dias depois da goleada sobre o Deportivo Pereira.
Os custos provocados pelo imprevisto na Colômbia, como hospedagem, deslocamento e fretamento de uma nova aeronave, também foram arcados por ela, que tem a ideia de fretar o avião para outros clubes – o próprio Palmeiras vai utilizar o serviço como cliente. No momento, contudo, isso não é possível porque a Placar espera a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para realizar voos comerciais. Sem essa liberação, a mandatária vai continuar arcando com os custos dos deslocamentos, como fez nas três viagens do clube utilizando a aeronave.
O clube trata o contratempo ocorrido na Colômbia como algo normal, que acontece comumente no ramo da aviação. Avaliado em US$ 64 milhões (R$ 305 milhões), o avião, um Embraer E190, da família E2, tem certificação da Anac e é considerado um dos mais modernos e seguros do mundo.
A ideia de adquirir o avião partiu da própria Leila Pereira. A iniciativa visa gerar uma economia para o Palmeiras e ajudar na logística. Segundo soube o Estadão, a estimativa é que o clube tenha economizado cerca de R$ 1,75 milhão nas três primeiras viagens com o avião da Placar: R$ 200 mil com a viagem ao Rio de Janeiro, para enfrentar o Fluminense, R$ 350 mil para ir e voltar de Cuiabá, onde ganhou do time local, e R$ 1,2 milhão em Pereira, onde goleou os colombianos. Esses seriam os gastos que o Palmeiras teria com os fretamentos orçados com outras companhias.
DEBATE NO COF
Como contrapartida à economia que pode ser gerada aos cofres do clube, Leila ganha publicidade e dinheiro ao alugar o avião a outros times também e para empresas interessados quando não estiver sendo utilizado. Até por isso, o avião não tem as cores do Palmeiras. Ele é azul e branco e apresenta o nome da companhia aérea.
Conselheiros do Palmeiras apontam mais um conflito de interesses envolvendo Leila, que é patrocinadora, presidente e credora do clube. Ela, porém, sempre repete que submete todas suas decisões ao Conselho de Orientação Fiscal (COF).
E agora existe a promessa por parte de Leila de que a relação entre Placar Linhas Aéreas e Palmeiras será discutida quando a sua empresa obtiver essa licença.
Um grupo de conselheiros cita conflito de interesses e cobra transparência da presidente. Recentemente, eles fizeram um questionamento formal e pediram que sejam debatidas situações em que julgam haver conflito de interesses, além de discutir os contratos de patrocínio e aspectos da contratação da empresa da própria presidente para prestar serviços aéreos para o Palmeiras, além de informações básicas, como seguros, indenizações e a responsabilização por eventuais novos prejuízos que o time tenha com mais problemas no avião.