O governo federal assina um atestado de culpa à Nação nesta insana operação de blindar o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), impedindo que ele dê respostas sobre seu rápido enriquecimento. Nos quatro anos como deputado federal, mas principalmente em 2010, quando foi fiel escudeiro da candidata Dilma Roussef, durante a campanha e – logo depois – durante a transição de governo, tornou-se um milionário. Tanta era sua ligação ao poder, que assumiu o cargo mais próximo da Presidência.
Quando partimos da premissa de “quem não deve não teme”, dá para concluir que o governo do PT deve demais. Não fosse isso, bastaria que Palocci – sem a necessidade de tanta pressão por parte da sociedade – falasse de peito aberto os caminhos utilizados para fazer seu patrimônio multiplicar por 20 em tão pouco tempo. Segundo Lula, que teve de ir para Brasília mostrar para Dilma como se comportar durante uma crise política, o médico Palocci seria o “Pelé da economia”, já que, após ser ministro da Fazenda, se tornou um expert no assunto.
Diante de tanta resistência, é fácil supor que o enriquecimento não foi tão lícito como querem fazer parecer os petistas. Passou por tráfico de influências, que consistia em aproximar grandes empresas a bons negócios junto à União. Assim, também é possível supor que Palocci poderia ter ajudado a engordar a campanha da própria Dilma, o que colocaria em xeque a governabilidade.
Mas esse jeito PT de tentar abafar os casos em que foram flagrados cometendo irregularidades com o dinheiro público já se torna um velho conhecido dos brasileiros. Foi assim como o Mensalão, com o dólar na cueca e, em Guarulhos, no caso Água e Vida, a ONG da família do prefeito Almeida que passou mais de seis anos se beneficiando de dinheiro público que deveria ser utilizado em programas de saúde voltados à população.
Por mais evidências que foram apresentadas, a Câmara Municipal de Guarulhos abafou o caso, a partir da força exercida pelo Executivo, que impediu as investigações pela caneta do prefeito. Mas como acreditamos que a “Justiça tarda mas não falha”, o processo continua sendo apurado em diferentes instâncias, como na Corregedoria Geral da União e nos Ministérios Públicos Federal e Estadual. Pode demorar um pouco, mas a casa um dia cai. Tanto a do Palocci como a do Almeida e sua família.
Carlos Roberto de Campos
Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras nesta coluna