A pandemia, e a pressão do desemprego trazido por ela, tem movimentado o mercado de ensino profissionalizante e técnico no Brasil, além do segmento dos chamados "cursos livres", aqueles não regulados, destaca o <i>Estadão</i>. Com o País somando 14 milhões de desempregados, o número de matrículas nesse tipo de ensino deu um salto diante da urgência do brasileiro de se recolocar ou de ingressar no mercado de trabalho.
Além de mais alunos, esses cursos de duração mais curta e direcionados a uma determinada área têm atraído investidores, de olho em um mercado pouco desenvolvido e ainda muito pulverizado. Hoje, apenas 10% dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil saem de cursos técnicos, porcentual muito abaixo da média dos países desenvolvidos. E a estimativa é que existam no território nacional mais de cinco mil escolas técnicas formais, sendo que 95% com menos de mil alunos – o que dificulta o cálculo da dimensão real desse segmento.
"São cursos rápidos, práticos, com baixo valor de investimento e que em pouco tempo oferecem o diploma ao profissional, que pode começar a realizar uma atividade nova, seja para mudar de ramo, complementar a renda ou ter rendimentos trabalhando por conta na informalidade em um momento como o atual, em que empregos estão escassos", comenta a diretora educacional da Escolas Argos, Mariana Carbone. Criada há quase quatro anos, a Argos já formou mais de 170 mil alunos, tem três unidades em São Paulo e na grade possui cursos como eletricidade, refrigeração e energia solar. No ano passado, as matrículas subiram 33%.
<b>Tendência</b>
"O crescimento desse segmento é uma tendência enorme. O mercado vai aumentar ainda mais e também a oferta de cursos livres profissionalizantes, seguindo a tendência da educação online", explica o presidente da consultoria especializada em educação Hoper, William Klein.
Maior complexo privado de educação profissional e de serviços tecnológicos da América Latina, o Senai registrou no ano passado um aumento de 64% nas matrículas em cursos a distância em comparação com 2019. Até novembro foram 1,189 milhão de matrículas, respondendo por 61% do total. "Em geral, são jovens em busca do primeiro emprego e trabalhadores à procura de recolocação", afirma o gerente de Educação Profissional da instituição, Felipe Morgado.
Na Conquer, empresa que se define como uma escola de negócios para a nova economia, com oito unidades físicas, que tinha 40 mil viu esse número se multiplicar de um ano para o outro. O aumento exponencial foi resultado da digitalização do negócio, com aulas 100% online, e da ampliação da grade com dez novos cursos. Fora isso, para reforçar sua presença no digital, a escola passou a ofertar dois cursos gratuitos: o de inteligência emocional e o de independência financeira, estratégia que fez o número de alunos se expandir rapidamente.
"A gente viveu um ano da digitalização, da transformação digital. Vemos a tendência e a necessidade de os profissionais estarem se movimentando e atualizando o seu conhecimento. Há uma grande procura por cursos que atendem a demandas dos novos mercados, como análise de dados e marketing digital", afirma Hendel Favrin, cofundador da escola.
<b>Edtechs</b>
A procura chegou também às chamadas "Edtechs", como foram batizadas as startups do setor de educação, como a Descomplica, que recentemente lançou uma nova vertente de negócios voltada exatamente para os cursos livres e já tem observado aumento da demanda em saúde, tecnologia da informação, direito, proteção de dados e empreendedorismo digital. Em 2021, estão programados 12 cursos, número que vai crescer para 30 em 2022.
"Os cursos livres, por serem mais ágeis e atualizados, ajudam a formar profissionais e colaboram muito, também, com a atualização daqueles que já têm uma formação anterior, em qualquer nível", afirma o diretor Acadêmico da Descomplica, Francisco Borges. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>