Economia

Pão de Açúcar faz aposta no setor alimentos

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) acredita que vem ganhando participação de mercado este ano e aposta na continuidade da estratégia de competição por preço para aumentar ainda mais sua fatia no varejo de alimentos. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o diretor vice-presidente de Finanças, Christophe Hidalgo, avaliou que, embora o mercado supermercadista no Brasil esteja bastante desenvolvido, há espaço para conquistar maior market share.

O GPA não revela oficialmente qual é sua participação de mercado, mas no primeiro semestre de 2014 o varejo alimentar da companhia cresceu em ritmo superior à média do setor, conforme dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

De janeiro a junho, a receita líquida dos negócios de alimentos do grupo cresceu 13% e, considerando as vendas mesmas lojas (apenas unidades abertas há mais de um ano), a expansão foi de 6,5%. A elevação da receita bruta mesmas lojas foi superior a 8%. Já os dados da Abras, que só vão até maio, indicam alta de 1,62% nas vendas do setor supermercadista em cinco meses ante igual período do ano anterior. “A tendência do nosso market share é positiva, estamos ganhando espaço tanto no Multivarejo (negócio que inclui as bandeiras Extra e Pão de Açúcar) como em Assaí”, disse Hidalgo.

Ao mesmo tempo, outros grandes do setor também têm expansão acima da média. O Carrefour reportou crescimento orgânico de 10% em vendas brutas no Brasil no segundo trimestre e de 8,3% no primeiro. O Walmart ainda não divulgou números de abril a junho, mas cresceu 4,4% nos primeiros três meses do ano no Brasil. É possível que redes estejam ganhando algum espaço sobre supermercadistas de menor porte.

O executivo do GPA reforçou a crença da companhia na estratégia que adota há um ano, de uma competição mais agressiva por preços, com vistas a elevar o volume de vendas e o tráfego nas lojas. Desde o segundo trimestre de 2013, o GPA reduziu preços de produtos mais intensamente e isso vinha impactando negativamente a margem bruta da companhia. De abril a junho deste ano, porém, a redução de margem bruta do negócio de alimentos na comparação anual foi menor, de apenas 0,4 ponto porcentual.

Para Hidalgo, alguns fatores tornaram este segundo trimestre atípico. A Páscoa em abril e a Copa do Mundo posteriormente alteraram o mix de produtos vendidos nas lojas. Ele reforça, porém, que a companhia segue acompanhando a concorrência regional em suas lojas e reagindo caso a caso. “Cada loja está em um entorno competitivo distinto e, para cada loja, é definida uma estratégia de preço segundo o cluster no qual se encontra”, afirma.

Diante da continuidade da estratégia, Hidalgo afirma que é possível esperar que a empresa continue reportando impactos negativos na margem bruta, o que é compensado por reduções de despesas e diluição de custos fixos.

Para o segundo semestre deste ano, Hidalgo concorda que o cenário macroeconômico traz condições desafiadoras. Ainda assim, considera que a companhia está preparada para enfrentar qualquer ambiente. Ele acrescenta que, num prazo mais longo, a empresa confia no desempenho do consumo.

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