Estadão

Papa Francisco faz apelo para ‘silenciar as armas’ na Ucrânia

Em tradicional mensagem de Natal neste domingo, 25, o papa Francisco fez referência a diversos conflitos que assolam a humanidade neste momento. O pontífice fez apelos para "silenciar as armas" na Ucrânia, pediu soluções às "tensões políticas e sociais" no continente americano e que a comida não seja usada "como arma" no Chifre da África.

Ao meio-dia no horário do Vaticano, o papa Francisco ofereceu a mensagem <i>Urbi et Orbi</i> (à cidade e ao mundo) da sacada central da Basílica de São Pedro. Ali, dezenas de milhares de turistas, peregrinos e moradores de Roma ouviram o líder católico classificar a guerra na Ucrânia como "insana".

O papa lamentou que "o caminho da paz" esteja bloqueado pelas forças sociais, como "o apego ao poder e ao dinheiro, a soberba, a hipocrisia, a mentira". "Com efeito, devemos constatar com dor que, ao mesmo tempo que o Príncipe da Paz nos é dado, ventos fortes de guerra continuam soprando sobre a humanidade", disse.

Francisco exortou os fiéis a lembrarem dos milhões de ucranianos que estão sem eletricidade nem calefação devido aos ataques russos contra a infraestrutura energética. Também, os milhões que vivem como refugiados no exterior ou deslocados no próprio país desde a invasão russa em 24 de fevereiro.

"Que nosso olhar seja preenchido com os rostos dos nossos irmãos e irmãs ucranianos, que vivem este Natal na escuridão, diante das intempéries ou longe de suas casas, por causa da destruição causada por dez meses de guerra", lembrou o papa.

Ele destacou que a guerra na Ucrânia tem agravado a escassez de alimentos. O país é um dos principais produtores mundiais de grãos e milho, mas o uso de minas subaquáticas e um bloqueio naval russo aos portos ucranianos sufocaram o tráfego no Mar Negro.

"A guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação, deixando populações inteiras em risco de fome, especialmente no Afeganistão e nos países do Chifre da África", disse. "Toda guerra causa fome e usa a própria comida como arma, impedindo sua distribuição a povos que já sofrem."

Primeiro papa latino-americano, Francisco disse que reza para que o Natal "inspire todas as autoridades e todos os povos das Américas a tentar acalmar as tensões políticas e sociais vividas por várias nações". Ele comentou que, particularmente, estava pensando no Haiti, país caribenho onde quase 100 mil pessoas fugiram da capital devido à violência, de acordo com um relatório recente da agência de migração das Nações Unidas.

Ele também mencionou os prolongados conflitos no Oriente Médio, como na Terra Santa, "onde durante os últimos meses aumentaram a violência, com mortos e feridos". O pontífice rezou por uma trégua duradoura no Iêmen e pela reconciliação no Irã e em Mianmar.

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