O papa Francisco fez neste sábado um tributo às vítimas do massacre de armênios pelo império otomano em 1915, no segundo dia de visita à Armênia. Durante a cerimônia, Francisco encontrou descendentes dos sobreviventes do massacre. No livro de visitas do memorial Tsitsernakaberd, o papa escreveu “que não ocorram outras tragédias como esta”.
Na sexta-feira, logo após chegar ao país, o papa condenou o massacre, que chamou de “tragédia e genocídio” e de “primeira de uma deplorável série de catástrofes no século passado”. Ele lamentou também que “grandes potências tenham desviado o olhar” dos massacres de armênios e atrocidades posteriores que se concretizaram por “objetivos raciais, ideológicos ou religiosos”.
Havia dúvidas se o papa repetiria a afirmação, feita em 2015, de que o massacre de armênios por otomanos foi “o primeiro genocídio do século 20”. No ajo passado, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan condenou a afirmação e alertou o papa a “não repetir o erro”. Já em 2001, o papa João Paulo II havia utilizado a palavra “genocídio” para se referir ao evento, durante visita à Armênia.
O governo turco não divulgou nota em resposta aos comentários feitos pelo papa Francisco ontem. A grande maioria da população armênia, que se orgulha de fazer parte da primeira nação a adotar o cristianismo como região de Estado, segue a Igreja Apostólica Armênia.
Ainda neste sábado, o papa viajou para Gyumri, cidade com grande concentração de católicos. O número de católicos residentes na Armênia, contudo, soma apenas 280 mil pessoas, de acordo com estatísticas do Vaticano – menos de um décimo da população total armênia. Antes de deixar o país no domingo, o papa Francisco visitará um mosteiro próximo à fronteira com a Turquia, perto do Monte Ararat.
As tensões entre a Armênia e seu país vizinho Azerbaijão também pairam sobra a visita do papa Francisco. No começo deste ano, o enclave étnico armênio Nagorno-Karabakh, localizado dentro do Azerbaijão e com população predominantemente muçulmana, viveu seu pior conflito em mais de uma década. O combate começou quando forças do Azerbaijão invadiram a área armênia em uma tentativa de retomar pontos estratégicos. Os dois lados se acusam de provocar os bombardeios. Antes disso, as duas ex-repúblicas soviéticas lutaram na região em uma guerra que durou seis anos e terminou com cessar-fogo em 1994.
O papa Francisco visitará o Azerbaijão e a Geórgia em breve, apesar de o Vaticano apresentar as duas viagens como partes de uma única visita ao Cáucaso. Fonte: Dow Jones Newswires.