Em sua aguardada encíclica sobre o meio ambiente, divulgada nesta quinta-feira, o papa Francisco disse que o aquecimento global poderia causar uma destruição ambiental “sem precedentes”, causada principalmente pela atividade humana, e caracterizou como “urgente” a necessidade de reduzir as emissões de carbono através da redução do uso de combustíveis fósseis.
O documento, usado tradicionalmente para os ensinamentos papais mais importantes, foi redigido durante meses pelo pontífice e é o primeiro dedicado ao tema meio ambiente. O Vaticano publicou o documento intitulado como “Laudato Si” (“Louvado sejas”).
O lançamento oficial ocorreu três dias após a publicação online de uma versão vazada por uma revista italiana. O porta-voz do Vaticano, o reverendo Federico Lombardi, disse anteriormente que o texto italiano que vazou era apenas um rascunho.
O papa Francisco também denunciou os audaciosos e intransigentes termos que ele descreveu como uma depredação pecaminosa da terra por causa de poderes políticos e interesses econômicos à custa dos pobres e das gerações futuras.
O papa Francisco escreveu que um “consenso científico muito sólido indica que estamos assistindo a um aquecimento perturbador do sistema climático”, contribuindo para um “aumento constante do nível do mar” e um “aumento de eventos climáticos extremos”.
“A humanidade é chamada a reconhecer a necessidade de mudanças do estilo de vida, produção e consumo, a fim de combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que produzem ou o agravam”, escreveu o papa.
Embora reconhecendo causas naturais para as alterações climáticas, incluindo a atividade vulcânica e do ciclo solar, o Papa Francisco destacou que “um número de estudos científicos indicam que a maioria do aquecimento global nas últimas décadas é devido à grande concentração de gases que causam o efeito estufa (como o dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogênio e outros) lançado principalmente como resultado da atividade humana”.
Como resultado, o Papa argumentou que “há uma necessidade urgente de desenvolver políticas para que, nos próximos anos, a emissão de dióxido de carbono e outros gases altamente poluentes possam ser drasticamente reduzidos, por exemplo, substituindo combustíveis fósseis e desenvolver fontes de energia renovável”.
Água e ameaça à biodiversidade
Na encíclica, o Papa Francisco comenta também outros problemas ambientais, incluindo a falta de água na África e em outras regiões pobres onde a água potável é escassa, e as ameaças à biodiversidade.
“A cada ano vemos o desaparecimento de milhares de espécies de vegetais e de animais que nunca conheceremos e que nossos filhos nunca vão ver, porque elas entraram em extinção”, escreveu o papa. “Por causa de nós, milhares de espécies deixarão de dar glória a Deus pela sua própria existência, nem transmitir a sua mensagem para nós. Nós não temos esse direito”, acrescentou.
O documento de 183 páginas, que o Papa Francis aborda não só aos católicos, mas a “toda pessoa que vive neste planeta”, inclui extensas seções sobre a teologia da criação, bem como críticas pontuais da globalização e do consumismo, que, segundo ele, levam à degradação do meio ambiente. Fonte: Associated Press