A Par Corretora, da Caixa Seguros, conseguiu captar R$ 602,8 milhões com a sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a primeira de 2015. As ações foram precificadas em R$ 12,33, próximo do teto da faixa proposta, de R$ 11,25 a R$ 12,35. Tal intervalo foi aumentado ontem diante de uma demanda elevada, de R$ 5,3 bilhões pelos papéis, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O teto anterior ia até R$ 11,60.
Foram registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 48.888.890,00 ações, equivalente aos lotes principal e suplementar. Caso o lote suplementar não seja exercido em até 30 dias, a oferta pode ser reduzida em R$ 54,8 milhões. O prazo de exercício do lote suplementar começa na próxima sexta-feira (05) e termina em 06 de julho.
A Par Corretora deve estrear na próxima sexta-feira, 5, na bolsa, com valor de mercado de cerca de R$ 2 bilhões. Seus papéis serão negociados no Novo Mercado, o nível mais alto de governança corporativa da BM&FBovespa.
A Gávea, gestora do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, desistiu de ancorar o IPO da Par Corretora em R$ 140 milhões, conforme antecipou na segunda-feira, 1, o Broadcast, devido à elevação do intervalo do preço sugerido em meio a uma demanda acima do esperado. A asset já havia sinalizado que, no caso de a precificação ficar fora da faixa indicada, não teria obrigação de fazer o investimento privado.
Demanda
A demanda pelo IPO da Par Corretora em torno de dez vezes o book inicialmente proposto foi impulsionada, conforme fonte a par do assunto, não só pelo interesse do mercado, mas, principalmente, pelo fato de três investidores internacionais, não mencionados no prospecto, já terem indicado intenção em comprar cerca de 70% da oferta. Além disso, a empresa tem forte geração de caixa, pois possui exclusividade na venda de seguros no balcão da Caixa Econômica Federal e representa um segmento ainda com baixa penetração no Produto Interno Bruto (PIB), de quase 6%.
Há, conforme fontes, a expectativa de os papéis da Par subirem na estreia. Conta a favor também o esforço dos bancos de estruturarem o primeiro IPO do ano. A abertura de capital da Par quebra um jejum de quase oito meses no Brasil. A bolsa não emplaca IPOs desde outubro do ano passado, quando a Ouro Fino, do segmento de saúde animal, captou pouco mais de R$ 400 milhões com sua abertura de capital.
A expectativa de executivos é de que a fila de candidatas ande de agora em diante. No radar, estão tanto candidatos novos como a Caixa Seguros, o IBR Brasil Re e a BR Distribuidora quanto players que já tentaram abrir capital anteriormente como Inbrands, dona das marcas Ellus e Hercovitch. Players com o IPO engavetado há anos como a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, a Infraero, também são esperados. O destaque, contudo, deve ser para o mercado de seguros, que deve comandar os IPOs este ano e reforçar sua presença na bolsa.
A operação da Par foi secundária, ou seja, os recursos não foram para o caixa da empresa. Os acionistas vendedores foram a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal, com 21,35%, a Évora Fundo de Investimento em Participações (3,65%) e a Algarve, da GP Investimentos (17,70%). Após a oferta, independentemente da execução do lote suplementar, a Federação sairá da Par, enquanto a Évora reduzirá sua fatia para 1,79% e a Algarve, para 13,01%. A Caixa não diminuirá sua participação, de 25% via Caixa Seguros e de 26,00% por meio da Par Participações.
A Par Corretora registrou lucro líquido 85% maior no primeiro trimestre deste ano, para mais de R$ 30 milhões ante mesmo intervalo de 2014. Seu patrimônio líquido foi de R$ 114,1 milhões ao final de março. Os bancos coordenadores da oferta da Par foram o Bradesco BBI, como líder, JPMorgan, BTG Pactual, Credit Suisse e Itaú BBA.