Estadão

Para analistas, resposta pode vir pelo Hezbollah

Um ataque direto do território iraniano contra Israel é improvável, na avaliação de analistas ouvidos pelo <b>Estadão</b>, que apostam mais na possibilidade de um dos grupos que Teerã apoia na região, como a milícia xiita libanesa Hezbollah, para executar uma retaliação ao bombardeio na Síria.

"Se fizer dessa maneira, o Irã pode negar a autoria do ataque", disse o professor de relações internacionais da ESPM-SP Gunther Rudzit. O padrão iraniano é usar os grupos que apoia, como Hezbollah (Líbano), houthis (Iêmen) e o terrorista Hamas (Gaza), além de grupelhos xiitas na Síria e no Iraque, como instrumento para buscar seus objetivos na região, segundo o especialista.

Há indícios, no entanto, de que Teerã ainda não tenha tomado uma decisão final. O país teme que uma possível retaliação israelense prejudique sua infraestrutura. "Os iranianos sabem que, se atacarem diretamente, Israel vai revidar contra seu território. Neste caso, viraria uma guerra entre Estados, diferente do que está acontecendo agora, entre Israel e o Hamas", afirmou Vitelio Brustolin, professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade Harvard.

Rudzit afirma que não existe a possibilidade de o Irã não retaliar e Teerã poderia "dar o troco" com um ataque a uma embaixada ou consulado israelense. Tel-Aviv colocou suas representações diplomáticas em alerta.

Dentre os grupos do eixo de influência do Irã, o Hezbollah é o mais bem equipado para realizar um ataque de maior escala contra Israel. "Hamas e Jihad Islâmica estão dentro da Faixa de Gaza, os houthis estão muito longe e o Hezbollah tem uma estrutura militar bem maior", disse Brustolin.

O Hezbollah teve grande influência do Irã em sua criação. Teerã explorou o caos da guerra civil do Líbano e a invasão israelense de 1982 para semear as forças que amadureceram o grupo. O Hezbollah já se envolveu em duas guerras contra Israel, em 1982 e em 2006.

<b>Guerra</b>

Apesar de o grupo libanês ter capacidade de realizar estragos na infraestrutura israelense, Tel-Aviv está bem equipada com fortes defesas antiaéreas contra o grupo, segundo o professor da ESPM. Mesmo que um ataque direto seja improvável, para Brustolin, uma retaliação desta magnitude poderia mudar o patamar da guerra. "É um cenário de segunda guerra fria", afirma ele, relembrando a relação próxima do Irã com Rússia e China.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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