O Cidadania de Roberto Freire está investindo em mudanças internas no partido para atrair novos quadros, como a deputada Tabata Amaral (PDT-SP). A sigla decidiu abandonar a instituição do "fechamento de questão". Essa medida partidária obriga todos os quadros de uma legenda a votar de acordo com a orientação da liderança, correndo o risco de punição em caso de descumprimento.
Foi o que aconteceu com Tabata e outros deputados durante a votação da reforma da Previdência. A deputada foi uma entre oito representantes do PDT na Câmara que contrariaram a posição do partido e apoiaram a reforma. Os parlamentares dissidentes viraram alvo de processo interno na Comissão de Ética do partido e podem ser expulsos por divergirem.
Desde então, Tabata, um dos maiores expoentes da geração de novos políticos, tem pedido "mais democracia nos partidos". "Não vou trabalhar para a criação de um novo partido, vou buscar um partido que respeite nossas ideias", foi uma das declarações da deputada em outubro do ano passado, após a votação da Previdência.
"Nós saberemos contemplar quando alguém tiver uma divergência e isso não será motivo de sanções partidárias. É uma nova forma de se relacionar com o contraditório", disse o novo líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP). Ele admite ser uma estratégia para atrair quadros como Tabata Amaral. "É para isso mesmo, mas não é apenas um caso nominal. Estamos dialogando com ela, com Felipe Rigoni (PSB-ES), Rodrigo Agostinho (PSB-SP) e com outros que seriam muito bem-vindos", afirmou Jardim.
Outra mudança no Cidadania que também vai de encontro à atração de novos quadros é a de não aceitar a reeleição de dirigentes. Todos os presidentes serão renovados quando acabarem os mandatos. Em outubro, Tabata disse em entrevista ao <b>Broadcast</b>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que buscava um partido em que não houvesse "dirigentes partidário por décadas".
Nesta quinta-feira, Tabata disse ao <b>Broadcast Político</b> estar ainda aguardando a decisão da Justiça. "Então não estou conversando com os partidos", disse. A deputada entrou com ação para poder sair do PDT sem perder seu mandato.
O Cidadania é um dos partidos cotados a abrigar uma possível candidatura do apresentador Luciano Huck para a corrida presidencial de 2022. Jardim admite que o global está em conversas com a sigla. "Se o Huck for candidato, que seja pelo Cidadania", disse.