Economia

Para Bradesco, resultado de 2015 ocorre no período mais complexo e desafiador

Os resultados do Bradesco no ano passado ocorreram em um dos períodos mais complexos e desafiadores da história da economia e política do Brasil, de acordo com o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. “Foi necessário esforço redobrado para responder de forma eficiente e rápida às transformações da economia durante o ano de 2015. Foi um período atípico e nosso estilo de administração esteve focado na prudência com o objetivo proteger os fundamentos da organização”, destacou o executivo, em teleconferência com a imprensa, na manhã desta quinta-feira, 28, para comentar os números de 2015.

O Bradesco anunciou pela manhã lucro líquido contábil de R$ 4,353 bilhões no quarto trimestre de 2015, cifra 9,0% maior que a registrada no mesmo período de 2014. No ano passado, o lucro líquido contábil do Bradesco totalizou R$ 17,190 bilhões, expansão de 13,92% na comparação com a cifra de 2014.

Trabuco afirmou ainda que foi necessária uma “dosagem extra de agressividade” para procurar maiores eficiências em custo e também inovar no modelo de atuação com reflexo no custo de serviços. “Ao final, o balanço atingiu êxito e ficou em linha com o orçado previamente em 2014. Podemos continuar a entregar níveis de retorno atrativo, com geração orgânica capital para captar oportunidades futuras”, garantiu o executivo.

Ele citou ainda a melhora que o Bradesco teve no índice de Basileia. O indicador, que mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital, fechou dezembro em 16,8%, aumento de 2,3 pontos porcentuais em relação a setembro, quando estava em 14,5%. Conforme Trabuco, a melhora dá um “conforto adicional” para o Bradesco no início de 2016. “Apesar do cenário adverso, estamos cumprindo nossos objetivos”, concluiu ele.

Receitas de prestação de serviços

As receitas de prestação de serviços do Bradesco totalizaram R$ 6,597 bilhões no último trimestre de 2015, cifra 13,0% maior que a registrada em um ano. No comparativo trimestral, subiu 3,4%. Tal expansão foi motivada, de acordo com o banco, pelos ganhos com conta corrente e cartões.

Em 2015, as receitas de prestação de serviços do Bradesco alcançaram R$ 24,839 bilhões, aumento de 12,4% ante 2014, acima do guidance de 8% a 12% divulgado pelo banco. O desempenho foi impulsionado, conforme a instituição, por rendas com cartão, conta corrente, operações de crédito e consórcios. Para 2016, sua expectativa é crescer suas receitas entre 7% a 11%.

O Bradesco encerrou dezembro com 26,0 milhões de clientes, redução de 400 mil correntistas ante setembro. Em um ano, perdeu 500 mil clientes.

As receitas de serviços de cartões totalizaram R$ 2,583 bilhões no quarto trimestre de 2015, aumento de 5,5% em relação ao trimestre anterior, beneficiado pelo maior volume financeiro transacionado e ainda uma maior quantidade de transações realizadas no trimestre. As receitas de conta corrente apresentaram incremento de 6,3%, para R$ 1,376 bilhão, na mesma base de comparação.

Margem financeira

A margem financeira de juros do Bradesco, composta por operações que rendem juros, totalizou R$ 14,380 bilhões no último trimestre do ano passado, aumento de 4,9% ante os três meses anteriores. No comparativo anual, cresceu 13,35%.

No ano, a margem financeira de juros atingiu R$ 54,777 bilhões, apresentando crescimento de 15,3% em relação a 2014. O banco projetava incremento de 10% a 14%. Para 2016, o Bradesco projeta alta de 6% a 10%.

A taxa média anualizada da margem financeira de juros se manteve estável em 7,5% no quarto trimestre ante o terceiro. Em um ano, subiu 0,4 ponto porcentual. Segundo o banco, o aumento foi reflexo dos maiores resultados obtidos nas margens de juros de intermediação de crédito, seguros e títulos e valores mobiliários (TVM/outros).

A parte da margem financeira não relacionada a juros, que compreende as operações da tesouraria, foi a R$ 132 milhões, aumento de 407,7% ante o trimestre anterior, quando foram registrados apenas R$ 26 milhões. Em 2016, a área totalizou R$ 610 milhões, queda de 23,6% ante 2014.

A margem financeira total do Bradesco somou R$ 14,512 bilhões de outubro a dezembro, aumento de 11,8% em um ano e de 5,7% no trimestre.

Carteira pessoa física

Os destaques de crescimento na carteira de crédito pessoa física do Bradesco no quarto trimestre foram as linhas de cartão de crédito e de empréstimos imobiliários. Na pessoa jurídica, os maiores crescimentos vieram de Repasses BNDES/Finame e também do imobiliário.

A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou dezembro com R$ 474,027 bilhões, leve queda de 0,1% na comparação com setembro, quando estava em R$ 474,488 bilhões. No comparativo anual, quando os empréstimos totalizaram R$ 455,127 bilhões, o crescimento foi de 4,4%, abaixo do guidance divulgado pelo banco, de aumento de 5,0% a 9%.

A pessoa física totalizou saldo de R$ 147,749 bilhões no quarto trimestre, alta de 1,7% ante o terceiro. Na comparação anual, cresceu 4,5%. Cartão de crédito subiu 10,1% no trimestre e 9,0% no ano, enquanto imobiliário avançou 7,6% e 27,1% nas mesmas bases de comparação. Na outra ponta, a carteira de veículos encolheu 3,5% no quarto trimestre ante o terceiro e 12,7% em 12 meses. No cheque especial, a redução chegou a 10,6% no trimestre, mas subiu 6,5% no ano.

Já o segmento de pessoa jurídica recuou 0,9% na comparação com os três meses anteriores, para R$ 326,278 bilhões. Em um ano, porém, subiu 4,0%. No trimestre, destaque para Repasses BNDES/Finame (+2,8%) e financiamento imobiliário (+2,1%), enquanto no ano os principais destaques foram financiamento à exportação (+46,2%) e imobiliário (+12,5%).

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