Estadão

Para Cepal, desaceleração da economia na América Latina deve continuar em 2023

A desaceleração da economia na América Latina e no Caribe deve continuar em 2023, afirmou José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O levantamento da Comissão indica que o PIB da região deve crescer 3,7% em 2022 e 1,3% em 2023. "Isso representa cerca de um terço do crescimento neste ano, uma desaceleração muito acentuada", observou o economista.

Durante apresentação do "Balanço preliminar das economias da América Latina e do Caribe em 2022", Salazar-Xirinachs esclareceu que, apesar de indícios de melhora, os níveis de inflação devem permanecer elevados no próximo ano, afetando a política monetária e a atividade econômica.

Entre os fatores incentivando a desaceleração, o relatório ressalta o crescimento lento e desigual do mercado de trabalho latino, que registrou aumento da informalidade, redução do salário real e persistência nas desigualdades de gênero. Além disso, a dívida pública permanece elevada em 2022, representando 51,2% do PIB da América Latina (16 países) em setembro e 77,8% do PIB do Caribe (13 países) em junho.

"Estamos revivendo era perdida , com crescimento menor e perdas econômicas", conclui Salazar-Xirinachs.

<b>Inflação</b>

O secretário executivo da Cepal afirmou também que a inflação deve diminuir em 2023 tanto nas economias avançadas, como nas emergentes. Contudo, o economista também alertou que os índices não devem atingir níveis pré-pandêmicos, permanecendo elevados.

Segundo projeções do Cepal, a inflação da América Latina e do Caribe deve terminar 2022 em 7,3% e 4,8% no próximo ano. "Biênio 2023-24 deve ter inflação mais moderada do que 2021-22", apontou o secretário executivo da Comissão.

Dados do levantamento também apontam que os motores da inflação em 2022 – fertilizantes, energia e petróleo – tem previsão de queda de preços para 2023, embora também continuem elevados.

<b>Juros</b>

As altas nas taxas de juros por bancos centrais estão sincronizadas globalmente, apesar de não serem coordenadas por uma política única, analisou José Manuel Salazar-Xirinachs. "Custos de financiamento estão aumentando", observou.

O economista defende que a redução da inflação será possível moderar os "incrementos" na estratégia de aperto da política monetária internacional e alerta para os riscos da volatilidade econômica em diversos países. "Volatilidade financeira internacional aumenta os riscos de depreciação cambial, o que pode afetar a trajetória da inflação na América Latina", relata.

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