O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que um aperto nas políticas fiscais deve ocorrer no mundo, com o objetivo de conter os altos níveis de dívida dos governos. Com impostos mais altos e menos gastos dos governos, o quadro deve pesar no crescimento, antecipa o Fundo, em seu relatório de Projeções para Economia Global (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 16.
Segundo o FMI, as relações entre dívida e PIB tiveram forte alta durante a pandemia e permanecem elevadas, enquanto grandes déficits orçamentários continuam a elevar o peso da dívida em muitas economias.
O pagamento de juros sobre a dívida também tem aumentado como parcela das receitas do governo, o que afeta investimentos que poderiam gerar crescimento, avalia. Nos países de renda baixa, o pagamento de juros deve custar em média 14,3% da receita geral dos governos, cerca de o dobro do nível de 15 anos atrás, compara.
Com o objetivo de reconstruir espaço orçamentário de manobra e conter a trajetória crescente da dívida, a política fiscal deve ficar mais apertada em 2024 e depois disso em várias economias avançadas e emergentes, diz o Fundo, o que deve pesar no crescimento no curto prazo.
Nas economias avançadas, o FMI acredita que deve haver um aperto na política fiscal em 2024 e, em menor medida, em 2025 e 2026. Já entre os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, a postura fiscal projetada deve ser "na média, em geral neutra" no ano atual, mas com aperto de cerca de 0,2 pontos porcentuais projetado para 2025. O México aparece como exceção neste ano, com perspectiva de mais gasto fiscal em ano de eleições gerais, mas perspectiva de aperto nesses gastos em 2025, e outros países com eleições no ano atual podem ter movimento similar, diz.
O quadro fiscal da China também é citado no relatório. O FMI acredita que Pequim pode recorrer a medidas fiscais, entre elas financiamento para moradias inacabadas a apoio a famílias vulneráveis, para apoiar a demanda e conter riscos de deflação.
Sobre o mundo em geral, o Fundo adverte para o risco de que uma consolidação fiscal excessiva, com altas de impostos e cortes de gastos além do hoje previsto, poderia resultar em crescimento mais fraco e reduzir o ímpeto por reformas. "Países sem um plano de consolidação digno de crédito no médio prazo poderiam enfrentar reações adversas do mercado ou riscos elevados de estresse na dívida que forcem um ajuste duro", afirma.
O FMI defende, de qualquer modo, um foco renovado em implementar medidas de consolidação fiscal de médio prazo, a fim de reconstruir margem para manobras orçamentárias e prioridades de investimento e garantir a sustentabilidade da dívida.