O diretor para o Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central, afirmou que a recuperação econômica na América Latina, até o momento, tem sido melhor que o esperado, mas o cenário é desafiador, na medida em que a economia global vai ter desaceleração importante nos próximos 12 meses, até com possibilidade de recessão. "Esperamos crescimento mais fraco no final de 2022 e 2023", disse em São Paulo nesta quinta-feira.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e Europa vai perder força, com chance até de ficar negativo, e talvez até recessão.
"O crescimento global vai cair muito nos próximos 12 meses", afirmou o diretor do FMI. "Inflação persistente e PIB fraco tornam política econômica mais desafiadora", completou, afirmando que o crescimento da insatisfação social em países da região exige mais atenção dos governos.
Nesse ambiente de desaceleração do PIB, os preços das commodities tendem a cair, afetando os países mais dependentes da exportação desses produtos. "Vamos ter que enfrentar mundo mais adverso, sem nossas exportações subirem, o que as moedas locais se depreciarem."
A boa notícia para América Latina é que os governos agiram rápido diante da mudança de cenário, sobretudo na política monetária. "Bancos centrais da região foram os primeiros a reagir no mundo", afirmou Ilan, destacando que os juros no Brasil acompanharam esse movimento, saindo de 2% para perto de 14%. Com isso, os BCs conseguiram domar as expectativas para a inflação.
Ilan fez palestra no Febranban Tech, evento que reúne bancos e empresas de tecnologia esta semana em São Paulo.