Estadão

Para Guedes, País tem crescimento sustentável que só não é mais forte por Selic

O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou que a economia brasileira atingiu um nível de crescimento sustentável, e só não está avançando mais porque enfrenta o Banco Central está elevando substancialmente a taxa básica de juros(Selic) para conter a inflação. "Se o Brasil crescer 1% mesmo com os juros reais mais altos nos últimos anos é porque já se tem um crescimento sustentável de 2,5% a 3%. Mas quando se precisa dar um choque de juros, cresce apenas 1%", argumentou. "Se o Brasil estivesse estagnado, quando houvesse o choque de juros, (a economia) cairia em uma recessão de 0,5% a 1%", complementou.

As declarações do ministro ocorreram durante palestra a empresas do mercado imobiliário em evento organizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Guedes disse que vê potencial de crescimento bem maior para o Produto Interno Bruto (PIB), assim que o "choque de juros" for concluído. "Queremos que isso seja o mais breve possível e que não contamine setores de ciclos mais longos (de investimentos), como o imobiliário", apontou.

O ministro disse que o Brasil agiu primeiro no combate à inflação via aumento dos juros e, portanto, será o primeiro a baixar a inflação.

Guedes afirmou ainda que não se sabe até quando vai durar a guerra e seus efeitos, mas ponderou que o governo já sabe como enfrentar as crises, tendo em vista os desafios vividos durante a pandemia.

<b>Taxa de investimentos</b>

O ministro da Economia destacou durante evento do setor imobiliário em São Paulo que os investimentos voltaram a subir no Brasil, após os ajustes dos fundamentos fiscais e, agora, do câmbio, em paralelo a atração de capital pelo aumento dos juros.

Ele salientou que a taxa de investimentos, que terminou 2021 em 19% do Produto Interno Bruto (PIB), caminha para 20%. "O Brasil está condenado a crescer", disse Guedes.

Comparou também o volume de investimentos previsto em contratos assinados no Brasil para os próximos dez anos a "dois planos Marshall".

Além de colocar em destaque a redução do desemprego, para abaixo da taxa de antes do início do mandato do presidente Jair Bolsonaro, Guedes reforçou o compromisso com a responsabilidade na gestão das contas públicas, e disse que o Brasil está agora com fiscal e juros no lugar, caminho agora também trilhado pelo câmbio, dada a valorização recente do real.

<b>Reformas em ano eleitoral</b>

O ministro da Economia voltou nesta quinta a manifestar confiança de que o Congresso vai avançar na agenda de reformas mesmo em ano eleitoral. "Tenho razão para acreditar que Congresso quebrará paradigma e fará as reformas", disse.

<b>Privatizações</b>

Guedes voltou a defender privatizações, a evolução da abertura comercial do Brasil em direção a uma economia de mercado e lamentou a falta de investimentos da Eletrobras, uma estatal, apesar de o País ter energia barata.

<b>Desafio ao mercado</b>

Após tratar da retomada dos investimentos, Guedes voltou a desafiar previsões de mercado que apontam a um crescimento de apenas 0,5% da economia brasileira neste ano.

"Vai ter que revisar para cima", disse o ministro ao considerar que o Brasil caminha a um "boom de crescimento".

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