Economia

Para Itaú, redução da atividade deve fazer com que inadimplência suba ainda mais

A inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, do Itaú Unibanco deve continuar subindo nos próximos trimestres, de acordo com Roberto Setubal, presidente executivo do banco. “A inadimplência está muito ligada à atividade econômica, ao emprego. Caso a economia se recupere, esperamos atenuação dos níveis de inadimplência, mas os economistas têm expectativas de crescimento negativas para este ano. Acreditamos que a inadimplência vai subir um pouco ainda este ano. Difícil falar uma medida correta”, avaliou o executivo, em entrevista com a imprensa.

O índice de inadimplência do Itaú Unibanco, considerando atrasos acima de 90 dias, piorou 0,2 ponto porcentual ao final de dezembro ante setembro, para 3,5%. Em um ano, quando o indicador estava em 3,1%, o aumento nos calotes chegou a 0,4 p.p..

A piora da inadimplência foi impulsionada pelas pessoas físicas, cujos calotes, levando em conta atrasos de mais de 90 dias, avançaram de 5,1% em setembro para 5,4% em dezembro. Em um ano, estavam em 4,7%. Seguindo na contramão, os calotes do segmento pessoa jurídica recuaram 0,1 p.p. no quarto trimestre ante o terceiro, para 1,9%. Em 12 meses, foi vista alta de 0,1 p.p.

Renegociação de crédito

O aumento da carteira de créditos renegociados é natural no contexto atual, conforme Setubal. “A recuperação de créditos renegociados piora em meio ao cenário macroeconômico, principalmente, por conta da inadimplência há sempre o esforço de tentar reacomodar os pagamentos dos empréstimos às realidades novas que vão se impondo”, destacou ele.

De acordo com o executivo, os clientes, à medida que vendem menos, têm mais dificuldade de manter seus compromissos e há procura para reacomodar empréstimo a um novo perfil de fluxo de caixa. “Isso leva naturalmente à ampliação de renegociação de crédito que vinha caindo e passou a subir”, acrescentou Setubal.

Ele afirmou ainda que o Itaú Unibanco está fazendo uma renegociação e crédito “bastante saudável”, o que pode ser comprovado nos índices de atraso da carteira que estão abaixo dos níveis históricos.

Sobre a demanda por crédito, Setubal lembrou que a procura está associada ao nível de atividade econômica. Como destaques, na pessoa jurídica, ele citou crédito à exportação em meio ao aumento das exportações e, na pessoa física, os segmentos imobiliário e consignado.

“Todo mundo vendeu um pouco menos. O banco é reflexo da atividade econômica e isso se reflete naturalmente em uma expansão menor de crédito. Os grandes bancos têm presença bem distribuída. Com menor expansão do crédito, os bancos conseguem fortalecer seus níveis de capital. Esse resultado vem se somar à base de capital do banco”, destacou Setubal.

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