Diretor-assistente da Moody s, Juan Fuentes afirmou que a agência de classificação de risco projeta que a Argentina sofra contração de 3% em seu Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Durante evento virtual sobre a região, Fuentes comentou que há o risco de que o resultado seja ainda pior. A inflação ao consumidor, por sua vez, deve superar os 300% em meados do ano atual, acrescentou.
Fuentes disse que a inflação é impulsionada em parte pela grande desvalorização cambial ocorrida após a vitória de Javier Milei na disputa presidencial. Além disso, a desregulação do governo Milei impulsiona os preços, acrescentou. Sobre a inflação, comentou que "obviamente isso terá um efeito bastante negativo no crescimento".
Ele afirmou, por outro lado, que pode haver fatores positivos para a Argentina, como a retomada do setor agrícola, comparando-se com um 2023 em que houve problemas como secas em parte do país. Além disso, após o auge da depressão econômica, pode ocorrer uma "recuperação bastante forte em fins deste ano e no início do ano que vem".
O analista acrescentou, porém, que essa potencial retomada dependeria de que a situação política e social "não piore de maneira substancial".
Ao responder a questões, Fuentes notou que o novo governo busca conduzir uma "consolidação fiscal muito agressiva", de 3% do PIB, com medidas severas como demissões massivas no setor público e forte corte nos gastos em geral, inclusive em investimento público. Essa redução nos gastos é uma causa importante da contração projetada para este ano, mas a Moody s vê a medida como "acertada", pela importância de se atacar o déficit fiscal. Fuentes disse considerar importante que o país passe a ter superávit primário nos próximos anos, para conseguir retomar acesso aos mercados internacionais.
O analista ainda comentou que, na sua avaliação, não deve ocorrer dolarização do país, "ao menos em 2024". Fuentes acredita que o governo deve adotar medidas pelas quais os agentes econômicos podem ter mais acesso a dólares, em uma processo de "dolarização parcial a longo prazo".
<b>Ano de eleição no México</b>
Diretor de Pesquisa Econômica de América Latina da Moody s, Alfredo Coutiño comentou no evento sobre as eleições deste ano no México, com disputa também pela presidência em 1º de outubro.
Ele disse que ainda é difícil traçar cenários, mas neste momento há duas alternativas vistas como mais prováveis. Uma delas é a vitória governista, com uma continuação do modelo vigente nos últimos seis anos, com "maior intervenção do Estado, expansão do gasto social", além de mais gastos em infraestrutura.
Já uma vitória da oposição levaria a uma política de livre mercado, com maior participação do setor privado. Coutiño advertiu que poderia haver acusações de fraudes e protestos, bem como episódios de violência, no desenrolar do processo eleitoral.
O nome governista na disputa é Claudia Sheinbaum, do mesmo partido de Andrés Manuel López Obrador, o Morena. Ela já foi prefeita da Cidade do México.
A rival será outra mulher, Xóchitl Gálvez, nome escolhido pela Frente Ampla pelo México, coalizão que inclui o Partido da Ação Nacional (PAN), o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Revolução Democrática (PRD).