Para os opositores do presidente, Emmanuel Macron, a eleição presidencial francesa é um plebiscito em relação ao governo. O presidente, no entanto, demorou a entrar em campanha e se tornou figura ausente nas discussões políticas.
Macron esperou até março para oficializar sua candidatura à reeleição. Com vantagem nas pesquisas, ele decidiu manter sua posição nas negociações com a Rússia sobre a Ucrânia e deixar de lado eventos eleitorais, realizando apenas um comício oito dias antes da votação.
Além disso, o presidente rejeitou diversas entrevistas e deixou de participar de encontros com outros candidatos na imprensa, "o que foi visto negativamente como uma fuga do debate", afirma a analista Sylvie Strudel, professora da Universidade Panthéon-Assas, em Paris. "O resultado dessa campanha inábil foi uma queda abrupta na reta final, voltando ao mesmo patamar de outubro de 2021."
A queda de Macron, somada ao forte repúdio à imagem do presidente, preocupa os macronistas. Ele foi eleito em 2017 com forte apoio de eleitores de esquerda e da direita tradicional, em um movimento de união já conhecido no país para barrar a chegada da extrema direita ao poder – como ocorreu em 2002 contra Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen.
<b>Cartilha liberal</b>
Uma vez no poder, o presidente seguiu uma cartilha liberal na economia, com o fim do imposto sobre grandes fortunas, uma política de austeridade, redução dos benefícios sociais e do tamanho do Estado. Em 2018, ao implementar um imposto sobre combustíveis, Macron despertou a ira da população, já afetada em seu poder de compra. Era o início do movimento dos coletes amarelos, que parou a França ao longo de meses.
Assim como os protestos reuniram eleitores da esquerda à direita contra Macron, a eleição presidencial pode unir esquerdistas e direitistas que pretendem impedir sua reeleição.
Em uma mercearia do 14° Distrito de Paris, a aposentada Laetitia se diz decepcionada com os cinco anos de governo Macron. Ela, que é eleitora do Republicanos, considera que o presidente "não conhece a França de verdade", e dá como exemplo a alta dos preços dos alimentos. Após a pandemia, e com a guerra na Ucrânia, o país vive uma inflação de 4,5%. O que a aposentada fará em um possível segundo turno entre Macron e Le Pen? "Ainda não sei. É um cenário horrível."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>