A partir de 2021, a construtora OAS terá de pagar R$ 200 milhões por ano em juros da dívida de R$ 2,8 bilhões que tem com seus credores, mesmo depois do desconto que recebeu com o plano de recuperação judicial. Mas, para ter capacidade financeira de honrar os seus compromissos, a construtora terá de chegar a uma receita de R$ 5 bilhões por ano, segundo estimativa do diretor financeiro da empresa, Josedir Barreto.
Pelos contratos que a OAS já têm fechados para obras no Brasil e no exterior, a previsão de faturamento em 2017 é de R$ 2 bilhões. Isso significa que, em quatro anos, a empresa terá mais que dobrar seu faturamento. A briga que alguns credores estão travando na Justiça, tentando barrar o plano de recuperação judicial, é justamente por medo de que a construtora não tenha capacidade de pagamento no futuro, segundo contou o advogado de um dos 19 credores que questionam o plano.
A própria administração da empresa percebeu que a tarefa não será fácil. No ano passado, tinha planejado abandonar sua atuação internacional, que estava pulverizada em mais de 20 países. Mas, diante do cenário de infraestrutura no Brasil, a construtora voltou atrás, e decidiu concentrar sua atuação na África e América Latina.
Neste ano, a empresa ganhou R$ 1,3 bilhão em contratos em licitações no Brasil e no exterior, sendo a maior parte fora do País. A decisão do BNDES de suspender financiamentos de exportação de serviços não vai afetar a construtora, segundo Barreto. Ele diz que tem hoje apenas dois projetos enquadrados no BNDES. A empresa também está confiante no fato de não precisar de financiamento para atuar como construtora. No entanto, em alguns mercados, onde os balanços precisam ser mais robustos para garantir a obra, a empresa fica fora de jogo.
Os desafios da OAS não vão se restringir a conseguir novos contratos. A empresa ainda terá de fechar um acordo de leniência com as autoridades por causa de seus atos de corrupção. Existe uma ameaça latente de as construtoras envolvidas na Lava Jato serem consideradas inidôneas pelo governo federal e, assim, não poderem participar de licitações públicas. “Se isso acontecer, vamos ter de ir para mercados onde possamos atuar, como o setor privado”, diz Barreto. As grandes construtoras também enfrentam ainda processos de improbidade administrativa e estão sofrendo multas bilionárias. No caso da OAS, o fato de estar em recuperação judicial, com os credores tendo de perdoar parte da dívida, parece deixar os administradores menos preocupados. “O que temos em fluxo de caixa e capacidade financeira está dado”, diz Barreto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.