O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira, 12, que, para a política monetária, é bom 2018 começar com inflação baixa e não acima. “Em 2018, a inflação começou abaixo do esperado por muitos agentes e abaixo do que nós imaginávamos”, disse ele em palestra promovida pelo Conselho de Negócios Brasil-Flórida nesta segunda-feira na capital paulista.
“É sempre mais fácil de lidar com inflação abaixo da meta do que quando ela está acima”, disse o presidente do BC. Neste último caso, é preciso uma reação com mais ênfase da autoridade monetária.
Ilan ressaltou que há dois riscos para a inflação no Brasil, um positivo e outro negativo. O primeiro é um choque que possa derrubar os índices de preços. Por outro lado, uma frustração das expectativas com a continuidade das reformas e ajustes pode elevar a inflação no horizonte relevante para a política monetária.
A reforma da Previdência foi adiada, ressaltou Ilan. “Você ficou devendo esse dever de casa.” Para ele, se o texto tivesse sido aprovado, um eventual choque nas expectativas influenciaria menos.
Ilan ressaltou em sua apresentação que para o Brasil, que conviveu com inflação alta e taxas de juros elevadas por muito tempo, a sustentabilidade do cenário atual de juros baixos tende a “mudar muito a forma como o sistema e a economia se organizam. A inflação começou a cair de forma importante no último trimestre de 2016, segue recuando em 2017 e começa 2018 também em baixa. “Nossas projeções indicam que inflação volta em direção à meta”, afirmou o presidente do BC.
O fator que foi diferente a partir do final de 2016 foi que as expectativas de inflação passaram a ficar mais favoráveis e ancoradas, disse ele. A capacidade ociosa também ajudou, mas era um fator que já estava presente em 2015 e 2016, os anos de recessão, observou o presidente do BC.
A inflação de alimentos, que recuou 5%, fez com que os índices de preços caíssem mais do que seria esperado pela dinâmica normal da política monetária, afirmou o presidente do BC. “A deflação de 5% é muito diferente da média da inflação de alimentos dos últimos 10 anos”, disse ele. No geral, os preços dessa categoria subiram, na média, 7% a 8%.
Esse cenário benigno de inflação permitiu que a Selic caísse de 14,25% para 6,75%. “Essa foi provavelmente a queda mais rápida de juros no Brasil”, observou ele, destacando que o processo é percebido pelos agentes do mercado como “sustentável e responsável”. “A queda rápida se justifica pela conjuntura, pela inflação em que estamos vivendo.”